''As carnes argentinas viraram raridade''

A utilização de carne brasileira foi uma maneira de não oferecer aos clientes um produto que está caro demais

PUBLICIDADE

Por Bruna Fasano
Atualização:

Ana Maria Massochi: proprietária do restaurante Martin Fierro Há 28 anos em funcionamento, é a primeira vez que o Martin Fierro assa carnes brasileiras e até montou um cardápio apenas com elas. Por que essa decisão agora? Estamos tendo problemas com abastecimentos de carnes vindas da Argentina, e os preços cobrados por elas estão aumentando num ritmo que não posso conter nem repassar aos meus clientes. Por isso, para contornar apenas por ora a situação, resolvi utilizar a carne bovina brasileira. Em relação ao sabor, maciez da carne, não há uma grande diferença? Sim, com certeza. A carne argentina é mais macia, e mesmo a uruguaia é um pouco mais consistente. Mas tivemos de optar. Eu não tenho mais nenhum corte argentino em estoque a não ser a picanha, que mesmo assim não é muito pedida. O cliente sente a diferença no paladar, e alguns reclamam, mas é melhor assim, porque pelo menos posso oferecer um produto que é feito com qualidade, mesmo sem ser o meu preferido. Quais são os produtos mais pedidos e que estão em falta? São o noix, bife ancho, bife de chorizo e o bacio argentino. Em relação aos preços, como a casa está lidando para não ter prejuízos e ainda assim manter a clientela? Eu faço dois ajustes de preços por ano, e procuro manter sempre abaixo da inflação. Com a crise de abastecimento, o preço da carne aumentou muito. Se eu fosse reajustar esses valores no cardápio, iria perder clientes. Por isso diminuí a margem de lucro, mudei a carne, trouxe mais carnes do Uruguai e reduzi algumas porções. E como ficam os churrascos brasileiros e as carnes argentinas que os paulistanos tanto procuram? As carnes argentinas, por enquanto, viraram raridade. Já os churrascos, se tornaram mais caros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.