As dez mortes na rebelião resultaram de disputa de facções

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Dez presos assassinados ? três foram decapitados ? com golpes de estiletes, facas e pauladas na cabeça, e mais 35 detentos feridos, muitos com arranhões e queimaduras. Este foi o saldo da rebelião na Penitenciária 1 de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, que começou às 18h30 de domingo e terminou às 10h40 desta segunda-feira. As mortes ocorreram durante uma luta generalizada entre os presos. Três funcionários foram tomados como reféns e liberados horas depois, sem ferimentos. Com a entrada de cem homens do 3º Batalhão da Tropa de Choque da Polícia Militar, às 10h40, os amotinados se recolheram às celas. O balanço é do comandante da Tropa de Choque, Tomaz Alves Cangerana, que esteve na penitenciária das 10h40 às 14 horas, acompanhando o trabalho de revista das celas. A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária divulgou nota confirmando o número de mortos e a transferência de cinco líderes para a Penitenciária de Avaré. Disputa de facções Parentes de presos disseram que na origem da rebelião está a disputa de duas facções, a Seita Satânica e o Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade (CRBC), pelo controle da população carcerária de 1.017 detentos da unidade. Boatos falavam de um suposto envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC). A nota da Administração Penitenciária não menciona nomes de facções. Cangerana disse que não identificou nenhum preso que tivesse ligação com a Seita Satânica ou o CRBC. A rebelião começou quando presos do pavilhão 1 dominaram três agentes penitenciários, que ficaram como reféns. Um foi liberado nas primeiras horas da madrugada desta segunda, e os outros dois, às 5h30, horário em que a Administração Penitenciária considerou a rebelião encerrada. A pasta admitiu que os presos não quiseram voltar às celas e por isso a Tropa de Choque foi acionada. Cangerana disse que, antes de a Tropa chegar, às 10h40, os presos estavam soltos nos pavilhões. Armas Segundo o coronel, na revista às celas foram encontrados dois celulares, 330 facas e estiletes, 14 tesouras, duas pistolas calibre 635 e sete cartuchos do mesmo calibre, intactos, e uma porção de maconha de 300 gramas. Alguns parentes, do lado de fora da prisão, se comunicaram com presos pelo celular. Cangerana disse que durante a rebelião os presos atearam fogo em colchões e destruíram o telhado dos três pavilhões da unidade. Nuvens de fumaça cobriram o presídio na noite deste domingo. No fim da tarde, um cartaz foi colocado na entrada do presídio, informando os nomes dos mortos e dos cinco líderes transferidos. Ao conferir a relação, a dona de casa Helena Kimura sentiu um grande alívio. ?Graças a Deus o nome do meu filho não está aqui?, disse, referindo-se a Fábio Kimura, que cumpre pena por roubo. A Corregedoria da Administração Penitenciária instaurou sindicância para apurar o caso. A penitenciária fica num lugar ermo de Franco da Rocha, chamado Serra dos Cristais, próximo à Rodovia dos Bandeirantes. Nas estradas de acesso há muito mato, algumas indústrias e motéis. Na noite de domingo uma barreira da PM manteve parentes de presos e a imprensa a 500 metros da entrada do presídio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.