Assaltante dispara em adolescente de 12 anos

Robson Fernandes, de 26 anos, foi preso após acertar pelas costas um estudante que saía de uma locadora, e que agora corre risco de ficar paraplégico

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um estudante de 12 anos que na noite de sábado saía de uma videolocadora no bairro do Ipiranga, na zona sul, na companhia do pai, recebeu um tiro nas costas disparado por um ladrão irritado porque não conseguira roubar o carro de uma bancária, um Corsa. A bala provocou uma grave lesão na coluna vertebral do menino. Esmagou uma das vértebras e atingiu a medula. Segundo os médicos, o estudante deverá ficar paraplégico. O ladrão, Robson Fernandes, de 26 anos, foi preso nas proximidades da locadora e autuado por tentativa de assalto e de homicídio. Aos policiais militares que o prenderam tentou justificar porque atirou. "Mandei a mulher entregar o carro e ela começou a gritar. Fiquei irado e atirei para acertá-la", disse. Na noite de sábado, B.T.S. foi na companhia do pai, um empresário do ramo de alarmes para automóveis, até a locadora na Rua Xavier Curado. Eram quase 20 horas e, quando pai e filho saiam, ouviram gritos de mulher pedindo ajuda. "Estávamos já entrando no carro e após os gritos ouvimos os tiros", disse o empresário, que pediu para não ser identificado e que seu filho tivesse apenas as iniciais divulgadas. O menino, segundo ele, gritou e encostou no carro para não cair. A bala entrou pelo lado esquerdo, acertou a coluna vertebral e saiu no peito. Desesperado, o empresário levou o filho para o Hospital São Camilo, onde foi submetido a uma cirurgia e internado na UTI. No fim da madrugada, o médico Edgard Ferreira Júnior comunicou aos pais os problemas provocados pelo tiro. Ele disse que a possibilidade de o menino voltar a andar "é remota". A bala esmagou a vértebra e pressionou a medula. "O menino está fora de perigo, mas não sente as pernas", informou o médico. Segurança - A mãe de B. que também pediu para não ser identificada fez um desabafo emocionado na manhã de hoje no hospital. Chorando, reclamou da insegurança de São Paulo e da audácia dos bandidos que, "impunes" atiram sem pensar. "Ontem foi a Tainá. Hoje foi meu filho. E amanhã, quem será?" Dona de casa, ela contou que o filho é um dos primeiros na escola. Gosta de praticar esportes e fora à locadora para alugar um vídeo de aventuras. "A gente vê na televisão, no horário da campanha política, todo mundo prometendo segurança, polícia nas ruas. Mas onde está esta segurança? Onde está esta polícia? A cidade está abandonada", criticou. Mesmo com o assaltante preso, os pais de B. têm medo que Fernandes consiga sair da cadeia, "libertado pela Justiça ou fugindo", e vá se vingar. Ela não perdoa o assaltante. "Somos uma família católica. Não fazemos mal a ninguém. Os bandidos não dão valor à vida. Temos medo que ele possa se vingar da gente." A mãe de B. disse ainda que vai pedir ao padre da igreja do Ipiranga, que a família freqüenta, para rezar uma missa para que o filho volte a andar. "Fiquei nervoso" - Fernandes, que não tem antecedentes criminais, confessou ser autor de seqüestros relâmpagos, do roubo de carros e afirmou ter preferência em assaltar mulheres. No 17.º Distrito Policial, do Ipiranga, onde foi autuado, contou que pretendia roubar o Corsa de uma mulher que estava em frente da videolocadora. Era a bancária Edelsi Monte, de 42 anos. Ao ver a arma nas mãos do bandido, ficou desesperada e correu na direção da locadora gritando por socorro. O bandido declarou que, ao assaltar, anda sempre com a arma "engatilhada" e não pensou duas vezes para apontar o revólver na direção das costas de Edelsi e atirar. "Eu fiquei nervoso e quando fico nervoso me descontrolo", admitiu o bandido aos policiais militares. Uma das balas acertou B. que se preparava para entrar no carro do pai. Outra pegou na lataria de um automóvel estacionado.

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