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Assalto a ônibus deixa três mortos em Campinas

Por Agencia Estado
Atualização:

Quase nove meses depois de servir de palco para a trágica morte do prefeito Antonio da Costa Santos, assassinado com um tiro quando passava pelo local, a Avenida Mackenzie, em Campinas, voltou a abrigar um espetáculo de horror. Três pessoas foram assassinadas dentro de um ônibus coletivo por três assaltantes armados de revólveres, na noite de quarta-feira. Doze passageiros estavam no ônibus circular da Viação Bortolotto, que percorre a linha 104, entre o Centro e o Distrito de Sousas. Por volta das 20h30, três homens entraram no coletivo, em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a Moraes Salles, e anunciaram o assalto. Ameaçaram o cobrador e os doze passageiros, de quem roubaram dinheiro, relógios e celulares. Com a arma encostada na barriga do motorista, os bandidos o forçaram a desviar a rota do circular e seguir até o trevo entre a Rodovia Dom Pedro I e a Avenida Mackenzie, que margeia a favela da Vila Brandina. A 300 metros de onde o prefeito foi morto, em 10 de setembro do ano passado, os assaltantes ordenaram que o motorista parasse o veículo. Antes de deixar o ônibus, os três bandidos efetuaram vários disparos contra os passageiros. Os criminosos fugiram a pé. Quatro pessoas foram atingidas, todas levadas para o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas. O adolescente Felipe Lantucci de Oliveira, de 17 anos, a empregada doméstica Alda do Nascimento Santos, de 40, e o jardineiro Nailton Neris dos Santos, de 34, morreram no hospital. Marcos Antonio da Silva Pereira, de 25 anos, foi ferido na perna, medicado e liberado. Segundo testemunhas, os quatro foram atingidos porque não tinham dinheiro para dar aos assassinos. O crime chocou a cidade. Durante todo o dia de hoje, os ônibus do transporte coletivo da cidade circularam de faróis acesos, em sinal de luto pelas mortes e em protesto pela violência do crime. A Transportes Urbanos de Campinas (Transurc), associação que representa as seis permissionárias de ônibus da cidade, divulgou que irá solicitar medidas efetivas ao Estado para combater a violência em Campinas. Os passageiros afirmaram que ninguém esboçou qualquer reação aos assaltantes. "Eles mataram à toa", alegou o motorista, que preferiu não ser identificado. Em comunicado oficial, a empresa Bortolotto e a Transurc alegaram perplexidade. "As empresas repudiam o crime brutal, no qual três pessoas foram mortas a sangue frio por três homens armados", diz o documento. "É a primeira vez que um crime tão bárbaro ocorre dentro de um ônibus da empresa", informa a nota, lembrando que a Bortolotto é a mais antiga permissionária em atividade em Campinas, desde de 1942. A empresa atua em regiões consideradas tranqüilas, os distritos de Sousas, Joaquim Egídio e o bairro Chácaras Gramado. As vítimas foram enterradas hoje em Campinas, em meio à revolta dos parentes. O delegado seccional de cidade, Miguel Voigt Junior, lamentou as mortes e disse que até o final da tarde não tinha informações sobre os assassinos. A polícia não informou quanto foi levado da empresa e dos passageiros. Na noite da chacina, 790 policiais civis e militares promoveram uma megablitz em áreas perigosas, quase todas da periferia, das 90 cidades da região de Campinas que integram a Região 2 do Estado. Na operação, que teve início na tarde da quarta-feira e foi encerrada por volta das 2 horas da madrugada de hoje, a polícia prendeu 22 pessoas, entre elas nove fugitivos de penitenciárias da região, apreendeu quatro armas e 22 veículos. Segundo o capitão do 8° Batalhão da Polícia Militar, Benedito Costa Junior, a polícia tem fiscalizado diariamente pontos de ônibus situados em áreas da cidade consideradas violentas. O ponto em frente ao minishopping Ventura Mall, onde os bandidos entraram no coletivo para assaltar e matar três pessoas, não é considerado área violenta.

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