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Assassinato de casal desafia polícia paulista

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais um crime desafia a polícia paulista. Está cercado de mistério o assassinato do engenheiro da empresa de Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) Manfred Albert von Richthofen, de 49 anos, e de sua mulher, a psiquiatra Marisia von Richthofen, de 50, ocorrido na madrugada desta quinta-feira. Eles foram encontrados mortos, com os rostos cobertos, pelos dois filhos. Marisia tinha um saco plástico na cabeça, e Manfred, uma toalha. Os bandidos teriam levado R$ 8 mil e US$ 5 mil. A noite desta quarta-feira, ao que tudo indicava, era mais uma como tantas outras para o casal, que morava numa luxuosa casa na Rua Zacarias de Góis e tinha uma vida com um charme extra: ele era sobrinho-neto do lendário Barão Vermelho. Nessa noite, a filha mais velha, Suzane Louise, de 18 anos, tinha saído com o namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 21. Levaram junto o outro filho do casal, Andreas Albert, de 15 anos. O engenheiro e a psiquiatra estavam prontos para dormir. A constatação é da perícia, que encontrou as vítimas mortas de pijamas. Suzane disse à polícia que ela e o namorado deixaram o irmão num bar tipo cyber-café e saíram para namorar. De madrugada, pegaram Andreas e voltaram para casa. Daniel afirma que deixou a namorada e o irmão dela na porta de casa e foi embora. Suzane encontrou os pais mortos na cama. Com os rostos cobertos e sobre uma grande poça de sangue. Numa das paredes, uma grande mancha de sangue. No chão do quarto, estava o revólver calibre 38 de Manfred, que ficava guardado num compartimento secreto, no closet do casal. A biblioteca, que fica no andar de baixo, estava revirada, e os filhos do casal constataram que havia sumido uma pequena caixa onde estava guardado dinheiro. Suzane ligou para a casa do namorado e, abalada, contou o que havia acontecido. Ele disse que a aconselhou a sair da casa e ligar para a polícia. Foi o que ela fez. Policiais militares foram até o local e comunicaram o fato ao 27º Distrito Policial, no Campo Belo, na zona sul de São Paulo. Equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) iniciaram a investigação logo cedo. Uma série de detalhes suspeitos chamou a atenção dos peritos do Instituto de Criminalística (IC). O assassino não arrombou nenhuma porta. Também não quis fazer barulho, pois apesar de ter tido acesso à arma do engenheiro, matou as vítimas com golpes no topo da cabeça. Na testa do casal, havia marcas de cano de revólver. O bandido apontou a arma, mas não atirou. Manfred e Marisia não foram mortos na cama, local onde foram encontrados. Seria impossível atingir o topo da cabeça com violência em pessoas deitadas. Pela mancha de sangue na parede, os dois devem ter sido colocados de joelhos. O assassino colocou a arma próximo da mão do engenheiro, que caía para fora da cama. O objetivo mais provável era o de montar o cenário de um assassinato seguido de suicídio, por exemplo. Da mesma forma, quem pegou a arma sabia onde ela ficava escondida. Marisia pode não ter morrido imediatamente, pois em seu pescoço foram encontradas marcas de enforcamento que lhe causaram uma fratura num dos ossos. As mãos das vítimas também apresentavam muitos ferimentos. E o rosto coberto? Para os especialistas em homicídios, assassinos costumam cobrir o rosto de suas vítimas quando as conhecem. Para completar, enquanto a cama de Suzane estava arrumada, a de Andreas tinha dois travesseiros cobertos como se quisesse simular que alguém dormia ali. O crime foi registrado como latrocínio (roubo seguido de morte) pela polícia. Mas tudo está sendo investigado. Desde a relação da filha das vítimas com seu namorado até ex-empregados da casa. Nesta quinta mesmo, o DHPP interrogou Suzane, Andreas e Daniel e mais duas pessoas, cujas identidades não foram divulgadas. Foi realizado um grande trabalho de perícia na casa, de onde foram colhidos diversos fragmentos de impressões digitais. Nenhum delegado do DHPP falou sobre o caso. O diretor do departamento, delegado Domingos Paulo Neto, limitou-se a divulgar uma nota oficial por meio da Secretaria da Segurança Pública. Segundo o texto - que chama a vítima de Hanfred em vez de Manfred -, a delegada Cíntia Tucunduva Gomes, titular da Equipe C-Sul da Divisão de Homicídios, será responsável pelo caso. Manfred formou-se em engenharia civil em 1975, na Escola Politécnica da USP. Trabalhou em diversas empresas de projetos e engenharia, entre as quais Hidroservice, Promon e CNEC. Era funcionário da Dersa, atuando como assessor na Diretoria de Engenharia, desde 1988. Em junho deste ano, assumiu o cargo de diretor. Marisia era psiquiatra e tinha uma clínica na Rua República do Iraque, também no Campo Belo. Nesta quinta-feira, pacientes e amigos que ligavam insistentemente para seu consultório classificaram o crime como um "ato brutal e inexplicável".

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