Assassinato de Toninho do PT é reconstituído, sob protesto

Parentes e amigos do prefeito fizeram uma passeata em protesto contra encaminhamento do caso, que se arrasta há mais de dois anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mesmo com o cenário modificado, dois anos e sete meses depois, o assassinato do prefeito de Campinas Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi reconstituído hoje de manhã em Campinas, sem trazer nenhuma nova informação ao caso. Parentes e amigos do prefeito organizaram uma passeata em protesto contra o encaminhamento do caso e a reconstituição, ou reprodução simulada dos fatos, como preferiram chamar os peritos. "Apenas reproduzimos o que já havia sido comprovado pela perícia nos laudos", explicou a perita da Superintendência da Polícia Técnica e Científica de Campinas, Cristiane Faria Dias. Segundo ela, a simulação ocorreu para tornar visível, por meio de fotografias, o que está descrito no processo. "As mudanças não atrapalharam", afirmou. A Avenida Mackenzie, na Vila Brandina, onde aconteceu o assassinato em setembro de 2001, passou por obras de reforma, ampliação e ganhou novas construções desde o crime. O carro do prefeito, um Palio, foi acertado por três disparos de uma pistola nove milímetros, por trás, pela lateral e pela frente. Um dos tiros, pela lateral, atingiu Toninho no braço, atravessou o tórax e provocou sua morte, no local. Quatro jovens, um adolescente, chegaram a ser acusados do crime pela Polícia Civil de Campinas. Três deles confessaram e depois negaram participação no episódio. Foram liberados por falta de provas. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de São Paulo, assumiu as investigações e, nove meses depois do assassinato, acusou a quadrilha de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. A Justiça de Campinas acatou a denúncia, apresentada pelo Ministério Público, e deu início ao processo. Os acusados estariam em um Vectra prata, do qual teriam partido os tiros contra o prefeito. Eram Andinho, Walmir Conti, Anderson José Bastos e Valdecir de Souza Moura. Conti e Bastos morreram em confronto com policiais de Campinas em Caraguatatuba. Seus corpos foram exumados no último dia 14, a pedido do Ministério Público de São Paulo, que apura denúncia de execução. Moura também morreu em tiroteio com policiais. Andinho é o único réu vivo do processo, acusado de partícipe. Os tiros teriam sido disparados por Bastos. A viúva de Toninho, Roseana Garcia, que liderou a manifestação de protesto, insistiu na tese de crime encomendado. Segundo ela, as investigações foram mal conduzidas e a motivação do crime não está esclarecida. "Foi execução. Antônio foi um rato em uma ratoeira", afirmou. Cerca de 100 pessoas participaram da passeata, que saiu do centro de Campinas até a Avenida Mackenzie. O promotor público Fernando Viana defendeu a participação de Andinho no crime, embora tenha reconhecido que a motivação não está esclarecida. Ele voltou a dizer que no decorrer das investigações não surgiu nenhum indício que apontasse para crime de mando. "Se surgir, investigaremos", alegou. A reprodução foi solicitada pelo advogado de defesa de Andinho, Silvio Artur Dias, que não compareceu ao local, e determinada pelo juiz José Henrique Rodrigues Torres, da Vara do Júri. Nas investigações, a perícia apontou que os tiros que mataram o prefeito foram disparados da mesma arma usada em um seqüestro supostamente cometido pela quadrilha de Andinho.

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