Dez dias após a morte dos três jovens do Morro da Providência, a Polícia Civil do Rio não reuniu pistas concretas que levem à prisão dos assassinos. O indício mais forte obtido até agora é de que os matadores teriam fugido do Morro da Mineira. Suspeita-se ainda que o corpo esquartejado encontrado na semana passada em um dos acessos à favela seja de um dos autores do triplo homicídio, embora os legistas não tenham conseguido identificá-lo. Desde o crime, as interceptações telefônicas mantidas com autorização da Justiça pelas delegacias da região e departamentos especializados estão "mudas". As poucas informações têm vindo de informantes. Ainda assim, a polícia deixou de cumprir etapas básicas, como a elaboração de retratos falados ou mesmo as descrições físicas e apelidos dos suspeitos. Em 5 dos 11 depoimentos dos militares envolvidos a que a reportagem teve acesso, não há questionamento a respeito dos traficantes. Nas únicas menções feitas aos criminosos, os militares contam como foram recebidos e os modelos das armas usadas pelos bandidos. O delegado Sérgio Simões Caldas, diretor do Departamento de Polícia da Capital, disse que só fará operações na Mineira quando tiver informações seguras do paradeiro dos assassinos. A reconstituição da prisão e entrega dos jovens está marcada para sábado. Os trabalhos serão conduzidos por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, com acompanhamento dos militares encarregados pelo inquérito policial militar. Apesar de o Comando Militar do Leste ter afirmado que cumpre a decisão judicial de limitar a presença de militares ao trecho de 100 metros onde ocorrem obras do projeto Cimento Social, soldados também estavam na Pedra Lisa, no alto do morro, região mais carente da comunidade.