Associação recomenda que comércio de leite adulterado seja suspenso no RS

Lotes das marcas Líder e Parmalat ficaram sob suspeita de adulteração depois que Ministério Público do Rio Grande do Sul revelou esquema de fraude

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Por Elder Ogliari
Atualização:

PORTO ALEGRE - A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) pediu que seus associados suspendam a comercialização do leite UHT Líder e Parmalat, nesta quinta-feira, 20. Alguns lotes das duas marcas ficaram sob suspeita de adulteração desde sexta, quando o Ministério Público do Rio Grande do Sul revelou mais um esquema de adição de água e ureia ao leite nas etapas de transporte e resfriamento. Foi a quarta fraude descoberta pelas promotorias criminal e de defesa do consumidor desde maio do ano passado.

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O presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, disse que a orientação buscou garantir segurança aos consumidores. "Aguardaremos o andamento das investigações e, enquanto houver dúvidas sobre quais são os lotes adulterados, recomendamos que os supermercados retirem essas marcas das gôndolas e cessem sua comercialização", reiterou. Segundo a Agas, os consumidores não enfrentarão dificuldades para se abastecer porque as duas marcas, juntas, representam apenas 3% das vendas de leite no Estado.

A rede de supermercados Walmart, que já havia retirado o leite UHT das duas marcas de suas lojas de São Paulo e do Paraná, estendeu a decisão para o Rio Grande do Sul e recolheu o produto de suas lojas no Estado. O leite colocado sob suspeita foi recolhido em municípios do noroeste do Rio Grande do Sul e entregue à unidade da LBR Lácteos de Tapejara no início de fevereiro. A fiscalização do Ministério da Agricultura (Mapa) detectou adulterações e descobriu que 299 mil litros foram enviadas para processamento nas unidades da empresa em Lobato (PR) e Guaratinguetá (SP).

Com base nas informações do Mapa, o Ministério Público do Rio Grande do Sul entrou na investigação, obteve mandado de prisão preventiva contra o dono de um posto de resfriamento e apreendeu equipamentos e documentos em propriedades rurais, cooperativas e empresas de oito municípios gaúchos e vai oferecer denúncia contra os envolvidos por adulteração de produtos alimentícios.

Esquema. A fraude consiste na adição, ao leite, de água, para aumentar o volume, e ureia, produto que contém formol, considerado cancerígeno, para compensar a perda nutricional e driblar as análises mais simples. Fontes ligadas à investigação admitem que a presença da substância proibida, significativa na primeira etapa do transporte, pode acabar muito reduzida nas fases seguintes, quando o leite contaminado é misturado a outras cargas, puras, nos postos de resfriamento, e na indústria.

A LBR, que estava pressionada pelo Ministério Público e pelo Mapa a expor quais os lotes foram processados com leite das cargas colocadas sob suspeita em Tapejara, emitiu novo comunicado nesta quinta-feira, em seu site, reiterando, como na sexta-feira passada, que submeteu todas as cargas a análises e que todos os resultados foram negativos para a presença de formol. Mas atendeu à exigência do Mapa e informou a numeração de 23 lotes da marca Parmalat, distribuídos em São Paulo, e de 8 da marca Líder, distribuídos no Paraná. Os lotes foram embalados nos dias 13 e 14 de fevereiro. A empresa disponibilizou o telefone 0800 011 2222 para consumidores esclarecerem dúvidas ou solicitarem a troca do produto.

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