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Ataques deixam 150 mil pessoas sem transporte em Taipas

Cooperativa dona de três ônibus incendiados na Parada de Taipas diz que nenhum veículo vai deixar a garagem a menos que o governo dê garantias, de segurança e ressarcimento

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 150 mil pessoas devem ficar sem condução nesta quinta-feira, 13, na região da Parada de Taipas, na zona norte da capital paulista, por conta de incêndios a três ônibus da Cooperativa Fênix, na noite de quarta-feira. Segundo o coordenador de tráfego da Cooperativa, José Ricardo de Sales, nenhum ônibus vai deixar a garagem a menos que o governo dê garantias, como segurança e ressarcimento de prejuízos. Segundo Sales, cada um dos ônibus incendiados tinha cerca de dois anos de uso e custam por volta de R$ 120 mil. "Como cooperativa temos vários proprietários, e agora? Como vamos pagar os prejuízos?" O primeiro ônibus atacado, que fazia a linha Taipas-Pinheiros, foi incendiado por volta das 19 horas. Havia muitas pessoas no veículo que foram retiradas por três homens armados. Segundo testemunhas, os bandidos mandaram todos descer, despejaram gasolina e atearam fogo. A ação não durou 10 minutos. Aproveitando que o policiamento do bairro foi deslocado para atender esta ocorrência, os vândalos atacaram outro carro, desta vez da Viação Santa Brígida, perto dali. "Como é que esses bandidos fazem isso e prejudica toda a população. Será que teremos ônibus amanhã?", disse um morador que não quis se identificar. Por volta das 16 horas outros dois ônibus, da Viação Sambaíba, também haviam sido atacados na zona norte. A ação dos bandidos foi bastante parecida com as outras. Segundo testemunhas, entre seis e oito homens fortemente armados, iniciaram o incêndio nesses dois veículos que estavam parados no ponto final da linha Jardim Peri Alto-Santa Cecília. Os ônibus estavam vazios no momento. Uma guarita da empresa tinha 24 marcas de tiros disparados na madrugada de domingo, segundo vizinhos. "Não tem mais lugar seguro nessa cidade, Agora enquanto a polícia fica aqui, eles vão atacar outros ônibus", disse uma moradora, que pediu para não ser identificada. Além de atacar bens públicos, os bandidos também incendiaram um caminhão da empresa de bebidas Gouveia, na Marginal do Tietê, sentido Castelo Branco, no Parque Novo Mundo, por volta das 18 horas. O motorista foi abordado por dez homens armados e obrigado a interditar a Marginal, com o caminhão atravessado. Os homens apontavam as armas para o motorista enquanto ateavam fogo no veículo. O motorista sofreu queimaduras no braço e na barriga, mas passa bem. Reforço Policiais militares de Parada de Taipas e do Parque Novo Mundo informaram, que contam apenas com quatro viaturas e da dificuldade de atender as ocorrências. Enquanto eles estão fazendo a preservação de um local onde houve os ataques, são surpreendidos por novas ações. Impacto no turismo O presidente da SPTuris, Caio de Carvalho lamentou os ataques ocorridos na quarta-feira e teme que o impacto seja sentido pelo turismo na capital. "É claro que não sou hipócrita em negar que isso tem um impacto muito ruim na cidade, que vive seu melhor momento na área do turismo. Resta confiar na nossa polícia." Segundo ele, a cidade deve receber cerca de 80 mil pessoas para a São Fashion Week, que além de se hospedarem em hotéis e consumirem na cidade, ainda vêm em São Paulo, opções gastronômicas e de vida noturna. "Um turista gasta normalmente entre R$ 300,00 e R$ 350,00 por dia em São Paulo. Cada turista é responsável pela abertura de um ponto de emprego na capital, e esses crimes estão deixando de gerar empregos", lamenta. O primeiro impacto já foi sentido pelo 16º Congresso de Psicoterapia de Grupo. Cerca de 10 pessoas da delegação japonesa que participaria do evento desistiu por conta dos ataques de maio e dos de ontem. Um dos temas do evento é a violência e a superação de traumas que ocorreram em países como os Estados Unidos e Inglaterra.

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