Ato contra invasão do MST a fazenda do tráfico

Funcionários de Gustavo Bautista bloquearam ponte na BA; Colômbia confisca ilha de Abadía

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Por Tiago Décimo
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Salvador - Cerca de 1,5 mil dos 2,2 mil trabalhadores da Fazenda Mariad, em Juazeiro (BA), a 500 quilômetros de Salvador, fizeram ontem uma manifestação contra a invasão da propriedade por cerca de cem famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), na madrugada de domingo. Os manifestantes interditaram por duas horas a Ponte Presidente Dutra, que liga Juazeiro a Petrolina (PE). Eles alegam que não há segurança suficiente para trabalhar na fazenda depois da invasão do MST. "Não há a menor condição de trabalhar lá, com todas aquelas pessoas armadas com facões e foices", afirma a funcionária Raimunda Aliança. Os empregados estão sem patrão desde o fim de semana, quando o proprietário da Mariad, o colombiano Gustavo Duran Bautista, foi preso no Uruguai com 485 quilos de cocaína. Ele é acusado de participar da quadrilha do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. A gerente da fazenda, Ana Lúcia de Araújo Lacerda, também foi presa, por agentes da Polícia Federal, no dia 20. Segundo a PF, a propriedade - sede da empresa de exportação de frutas Mariad - funcionava como fachada para um esquema de tráfico internacional de drogas - a cocaína era armazenada em fundos falsos das caixas de frutas, que depois eram exportadas para a Europa. A juíza Paula Mantovani, da 1ª Vara Federal de São Paulo - que expediu a ordem de prisão da administradora da Mariad -, reuniu-se com representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Juazeiro. Na pauta, a indicação de um interventor para administrar a unidade e retomar os trabalhos. Segundo a juíza, será feita uma vistoria nas áreas produtivas da fazenda e um levantamento do patrimônio da empresa. Caso haja indícios de que havia produção de drogas dentro da propriedade, ela será desapropriada. ABADÍA A Justiça colombiana bloqueou ontem 322 bens de Juan Carlos Abadía, avaliados em US$ 400 milhões. A Polícia Judicial da Colômbia (Dijin) informou que foram bloqueados 300 imóveis localizados nas cidades de Cali, Medellín, San Andrés e Cartagena. Eles serão submetidos a um processo judicial de confisco pelo Estado. Além disso, foram encontrados documentos sobre a estrutura econômica dos negócios de Abadía. Segundo a Dijin, ele investiu grande parte dos lucros do tráfico na criação de pelo menos 18 empresas e sociedades, sobretudo nos setores imobiliário e turístico. Por meio de testas-de-ferro, Abadía adquiriu apartamentos, fazendas, um hotel, um ginásio e até uma ilha.

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