PORTO ALEGRE - O bancário Ricardo Neis, que atropelou e feriu diversos ciclistas na sexta-feira, em Porto Alegre, será indiciado por tentativa de homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil e redução de chances de defesa das vítimas.
A informação foi divulgada nesta terça-feira, 1, pelo delegado Gilberto Montenegro, responsável pelo inquérito que investiga o incidente. Em caso de condenação, a pena pode variar de quatro a dez anos de reclusão. Antes mesmo da conclusão do inquérito, prevista para o final deste mês, dois pedidos de prisão preventiva contra Neis, feitos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual na noite de segunda-feira, serão analisados pela Justiça nesta quarta-feira.
Na argumentação que usaram, os promotores Eugênio Amorim e Lúcia Callegari também citaram o histórico do motorista, com multas por excesso de velocidade, conversão proibida, trânsito na calçada, na contramão e em marcha ré e três processos por ameaça e agressão física. Em meio à grande repercussão do caso, Neis internou-se numa clínica psiquiátrica no final da tarde desta terça-feira. Fonte próxima à defesa do motorista disse que ele está muito abalado e entendeu que o melhor caminho seria procurar atendimento especializado.
O atropelamento ocorreu no início da noite de sexta-feira, no bairro Cidade Baixa. Para ultrapassar um grupo de mais de cem ciclistas que passeavam pela rua José do Patrocínio, o bancário atropelou parte deles, ferindo pelo menos 12 pessoas.
Em depoimento à polícia, na segunda-feira, disse que foi cercado por diversos ciclistas, se sentiu ameaçado e resolveu abrir caminho para sair do local por temer linchamento. Os ciclistas negam a tentativa de agressão.
O passeio em grupo é uma atividade mensal do movimento Massa Crítica, que estimula o uso da bicicleta como meio de transporte. Na noite desta terça-feira os participantes voltaram a pedalar pelas ruas de Porto Alegre para protestar contra o atropelador e pedir relações civilizadas no trânsito.