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Aumento da violência e pagamento em 36 vezes levam classe média a blindados

Por Felipe Oda
Atualização:

O perfil do comprador brasileiro de veículos blindados se ampliou. O aumento da violência e condições únicas de pagamento (com as reduções de impostos e pagamentos acima de três anos) levaram a classe média a buscar mais essa categoria (com trabalhos em carros até de marcas mais populares). Segundo a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), cerca de 1.800 blindados foram vendidos no primeiro trimestre deste ano. O número mantém o ritmo de 2008, que encerrou com quase 7 mil unidades comercializadas. A queda nos preços e a facilidade de financiamento e pagamento são citadas por Fifo Anspach, vice-presidente da associação, como "estímulos" para a compra de blindados. "Conseguimos atingir esse nicho de consumidores com financiamentos em mais de 36 vezes." Além das facilidades econômicas, o crescimento nas vendas também está ligado aos índices de criminalidade divulgados pela Secretaria de Segurança Pública. Nos três primeiros meses de 2009, em relação ao mesmo intervalo do ano passado, o número de latrocínios (roubo seguido de morte) aumentou 80% e o de roubos, 12,6%. Depois de vivenciar uma situação de violência e animada com as condições de pagamento, Renata, de 28 anos, que preferiu não ser identificada, optou por um carro blindado. "Mas não teria condições sem o financiamento", afirma a advogada, que parcelou seu Honda Fit em 48 parcelas. Para Anspach, os números do setor refletem na maneira como a classe média passou a ver a segurança pública. "A segurança virou bem de consumo", diz o representante da Abrablin. O preço médio do serviço é de R$ 48 mil, que garante o nível de proteção III A (contra armas até o calibre 44). Os homens são a maioria dos proprietários de blindados: 75% da frota é guiada por eles. A faixa etária do público masculino é de 40 a 49 anos, sobretudo executivos e empresários. "Antes, só as celebridades e os milionários tinham acesso ao produto", observa Anspach. O modelo mais blindado ainda é o Toyota Corolla, que custa em média R$ 70 mil. "Só que já troquei uma picape de luxo por um modelo mais em conta com blindagem", afirma o dentista aposentado João, que trocou uma Santa Fé, da Hyundai, por um Astra, da Chevrolet. DESEMPENHO A blindagem pode afetar o rendimento dos carros. "Na maioria das vezes, no entanto, o peso extra não excede a carga máxima prevista para o veículo", diz o professor de Engenharia Automotiva da FEI Ricardo Bock.

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