Avião de pequeno porte cai e deixa 3 mortos e 3 feridos em Belo Horizonte

Local do acidente é próximo ao Aeroporto Carlos Prates, onde ocorre aulas de preparação para pilotos; prefixo da aeronave é o PR-ETJ e, conforme informações da Anac, não estava habilitado para táxi aéreo

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Foto do author Renata Okumura
Por Paula Felix , Renata Okumura e Leonardo Augusto
Atualização:

BELO HORIZONTE - Um avião de pequeno porte caiu na manhã desta segunda-feira,  21, no bairro Caiçara, região noroeste de Belo Horizonte, e deixou três mortos. Outras três pessoas ficaram feridas. A aeronave atingiu quatro veículos que estavam entre as Ruas Minerva e Belmiro Braga

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Segundo a Infraero, a aeronave caiu instantes após decolar do Aeroporto Carlos Prates para o Aeroporto de Ilhéus, na Bahia. 

O avião é um modelo SR20 fabricado pela Cirrus equipado com um paraquedas que, no caso do desastre na capital mineira, chegou a ser acionado e pode ter contribuído para que a tragédia não fosse ainda maior. O prefixo da aeronave é o PR-ETJ e, conforme informações da Agência Nacional e Aviação Civil (Anac), não estava habilitado para táxi-aéreo.

O Carlos Prates também é utilizado para aulas de curso de preparação para pilotos. Não foram divulgados outros detalhes sobre o plano de voo da aeronave, que saiu do Aeroporto Carlos Prates com quatro ocupantes, segundo informações do Corpo do Bombeiros de Minas Gerais. 

A ficha do avião mostra que a aeronave tem capacidade para três pessoas, além do piloto. Conforme informações do site da Anac, a documentação do aparelho estava em dia.

Ainda não há informações confirmadas sobre quem são as vítimas - se piloto, passageiros ou pessoas que estavam na local do acidente. Um dos mortos estaria dentro de um carro atingido pelo avião. Uma das três vítimas socorridas é o piloto da aeronave,  segundo informações do chefe do Estado Maior do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Erlon Botelho.

Corpo de Bombeiros no local da queda do avião de pequeno porte em Belo Horizonte Foto: Leonardo Augusto/ Estadão

Segundo o Corpo de Bombeiros, sete viaturas e um helicóptero prestaram atendimento às vítimas. Técnicos do Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos se dirigem para o local.

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Nas redes sociais, internautas registraram o momento da tragédia.

Aeronave caiu em cima de quatro veículos que estavam entre as Ruas Minerva e Belmiro Braga Foto: Leonardo Augusto/ Estadão

Segundo a Polícia Militar, as informações iniciais são que a aeronave reduziu sua altitude ao longo da Rua Minerva, tocou de raspão com a asa em um veículo que estava parado à direita da via e atingiu outros três carros na altura do número 400. Neste momento, houve uma explosão e os três veículos se incendiaram.

Pavor

A proprietária do carro atingido de raspão, a professora de História Lucia Chacon, estava na academia localizada na sobreloja em frente ao local da queda do avião. Ela revelou momentos de pavor: "Foi um barulho ensurdecedor. Depois, subiu um calor. Parecia uma guerra".

O técnico em áudio Marcus Vinícius Lage, de 52 anos, que mora na rua do acidente, viu quando o avião começou a descer. "Cheguei à janela porque meu filho estava saindo e eu ia pegar o controle remoto do portão. Vi o avião fazendo a volta em um prédio. Aí ele passou a descer e abriu o paraquedas. Acho que, não fosse por isso, teria acontecido algo muito pior", afirma.

Parte da fiação da rua foi arrancada. Um paraquedas, que seria do avião, está próximo ao local da queda. 

Feridos

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As três vítimas do acidente de avião passaram por cirurgia no Hospital de Pronto Socorro João XXIII e foram encaminhadas ao Centro de Terapia Intensiva (CTI). Todos são do sexo masculino e tiveram queimaduras externas e nas vias aéreas. Um está em estado gravíssimo e dois em estado grave. 

Em abril deste ano, um avião de pequeno porte caiu na mesma rua e uma pessoa morreu carbonizada.  Moradores do bairro Caiçara reuniram-se na tarde desta segunda para discutir possíveis ações a serem tomadas em relação ao funcionamento do aeroporto. Entre as propostas discutidas, está o acionamento da Justiça para suspender as operações do terminal.

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Porta-voz dos moradores do bairro, Carolina Quelotti, que vive há 35 anos no Caiçara, afirmou que vai procurar as autoridades e pedir uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas. A movimentação inicial foi a de organizar os moradores em um grupo de WhatsApp.

A população do Caiçara e de outros bairros próximos, como o Carlos Prates, reclama da proximidade com a pista do aeroporto, que funciona desde 1944. Segundo relatam, foram seis acidentes com avião na região nos últimos 30 anos. Não há confirmação oficial desses números.

Em nota, o Ministério da Infraestrutura informou não haver, até o momento, discussão no governo sobre fechamento ou transferência do aeroporto, que deve ser concedido em 2022. A Infraero informou que assuntos relacionados à destinação de aeroportos são de competência do Ministério da Infraestrutura. 

São Paulo

Assim como o aeroporto Carlos Prates, que fica em uma região residencial, o aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo, também registrou nos últimos anos acidentes com aviões e helicópteros. O último deles em dezembro do ano passado, que deixou duas pessoas mortas e onze feridas. A aeronave atingiu uma casa e danificou pelo menos outras duas na região. Sete carros foram atingidos. 

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Aos menos seis prefeitos da capital paulista prometeram e fizeram tratativas para desativar o aeroporto, mas não avançaram em projetos e autorizações que viabilizassem a proposta. O petista Fernando Haddad chegou a enviar pedido oficial à Aeronáutica para tirar a asa fixa de lá e o tucano João Doria anunciou até data para o fim das operações: 2020. Antes deles, Gilberto Kassab (PSD), José Serra (PSDB) e até Celso Pitta também cogitaram transformar a área de 2 km², na zona norte da capital, em parque.

O atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), após o acidente em dezembro, disse esperar que o presidente Jair Bolsonaro mantivesse as tratativas feitas entre as gestões João Doria e Michel Temer para a desativação do aeroporto. Bolsonaro já chegou a dizer que quer instalar um colégio militar no local. 

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