Avisado, tráfico frustra operação no Alemão

Dois jovens saíram feridos e 9 mil crianças não puderam ir às aulas, mas ninguém foi preso

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Por Pedro Dantas
Atualização:

O enguiço de quatro dos oito carros blindados empregados na megaoperação policial de ontem no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, foi a razão oficial para o fracasso da ação, que mobilizou 650 homens das Polícias Militar e Civil. No entanto, moradores e policiais afirmaram que houve vazamento de informações e os traficantes da região já sabiam desde anteontem da incursão, que não resultou em nenhuma prisão e deixou quase nove mil crianças sem aulas. Dois moradores - Cléber Duarte Silva Amaral, de 18 anos, e Vanderson Cleiton Martins de Souza, de 25, - foram baleados, mas não correm risco de vida. Segundo funcionários da Viação Nossa Senhora de Lourdes, traficantes da Vila Cruzeiro roubaram dois ônibus para fazer barricadas por volta das 8 horas, uma hora e meia antes do início da operação. Um dos veículos foi incendiado por traficantes no início da Rua A, a principal via de acesso à favela, pouco antes do meio-dia. As chamas assustaram os motoristas que se arriscavam na interditada Avenida Nossa Senhora da Penha, em meio ao tiroteio. "Eles incendiaram os ônibus e acho que as casas vão pegar fogo", dizia um funcionário dos Correios, antes de abandonar a avenida em alta velocidade. O ônibus da linha 621 (Saens Peña-Penha) queimou por mais de uma hora. Nenhuma casa foi atingida e bombeiros não entraram na comunidade para combater as chamas. "Na chegada, tivemos problemas mecânicos com os blindados. Tivemos de fazer o patrulhamento a pé e até realizar operações para resgatar os carros", disse o subsecretário de planejamento da Secretaria de Segurança, Roberto Sá. Ele admitiu o fracasso da operação, mas negou que as obras do PAC, previstas para começar no início do ano que vem e orçadas em R$ 450 milhões, sofrerão atrasos. "Não vamos nos afligir. Já estamos em procedimento licitatório para aquisição de novas viaturas", declarou o subsecretário. Ele garantiu que o Estado vai "retomar a área, hoje dominada pelo crime organizado".

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