Baiano desenvolve farinha para combater desnutrição

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Por Agencia Estado
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Uma farinha que mistura soja, milho e mandioca (vegetais com altos teores de proteína e calorias) para ser usada no combater a desnutrição e a fome no Nordeste foi criada em Salvador pelo dublê de inventor e técnico em contabilidade José Clarindo Bittencourt, 59 anos. Desde a década de 80 ele trabalha no desenvolvimento de uma linha de alimentos em pó entre os quais o acarajé, o abará e o vatapá, comidas típicas da culinária afro-brasileira, além de uma sopa de feijão com rendimento superior às existentes no mercado e de menor preço. Com a receita da sopa em pó, Bittencourt venceu em 1984 o primeiro prêmio do concurso nacional de inventos do Serviço Social da Indústria (Sesi). Os produtos fabricados pelo empresário foram analisados e aprovados pelo Laboratório de Microbiologia de Alimentos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia e pelo Instituto de Saúde do Distrito Federal. Para criar a farinha contra a desnutrição, apresentada em forma de pó desidratado usado no preparo de sopa ou mingau, Bittencourt manteve contados com técnicos do escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, que estudam o aproveitamento alimentar da folha da mandioca. "Essa farinha será uma grande revolução no combate à fome e desnutrição por utilizar matéria-prima nutritiva, facilmente encontrada e barata", disse, informando que o preço ao consumidor do pacote de um quilo do produto com rendimento de 25 pratos, custará R$ 0,10. Conforme Bittencourt, os preparados com a farinha podem alimentar crianças a partir de seis meses de vida, evitando a desnutrição aos 3 e 4 anos como é comum no Nordeste. A conservação da farinha, sopa e demais preparados é feita através da técnica na desidratação, pré-cozimento e empacotamento a vácuo. O inventor elaborou projeto de uma pequena indústria alimentícia com capacidade para fabricar 22 produtos diferentes de misturas em pó ao custo de R$ 600 mil. O retorno do empreendimento é garantido, conforme o empresário, que admite firmar parcerias para montar a fabriqueta em qualquer ponto do Brasil. Segundo seus estudos, "somente na Bahia, o consumo de sopa na merenda escolar, por exemplo, é de 250 mil quilos por mês, sendo que o produto comprado pelo governo é 50% mais caro que a minha receita", garante. "Para cada quilo da receita de sopa usada atualmente na merenda escolar se alimentam nove pessoas, o meu preparado dá para 50, sem perda de qualidade", disse.

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