Bailes funks estão liberados a partir deste sábado

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Por Agencia Estado
Atualização:

Oficialmente proibidos há 40 dias, os bailes funk serão liberados a partir deste sábado pela secretaria da Segurança Pública. A proibição ocorreu após o assassinato do jornalista Tim Lopes, que fazia reportagem sobre um baile da Favela Vila Cruzeiro, na Penha, onde haveria tráfico de drogas e exploração sexual de adolescentes. Na prática, muitos bailes ainda ocorrem clandestinamente na cidade, mas os próprios discotecários admitem que o número não chega perto dos cerca de 500 organizados por fim de semana ? com público médio de 2 mil pessoas por noite ? antes da medida da secretaria. ?Agora, vamos separar o joio do trigo. O importante é dividir atividades culturais e artísticas de atividades criminosas. Vamos apoiar os que ocorrem dentro dos parâmetros legais e continuar combatendo aqueles que usam o pretexto do baile funk para fazer outras coisas, como tráfico de drogas, estupros e roubos?, disse o secretário da Segurança Pública, Roberto Aguiar. ?Os bailes serão vigiados e fiscalizados, mas permitidos, porque representam a tradição carioca. Vamos reprimir quem merece ser reprimido.? Aguiar e o secretário estadual da Cultura, Antônio Grassi, receberam ontem um grupo de discotecários e o antropólogo Hermano Vianna ? foi a terceira reunião em dez dias ? para debater o assunto. Os funkeiros elaboraram e entregaram aos secretários uma proposta de auto-regulamentação dos bailes. O ?código de ética? apresentado por eles prevê, entre outras medidas, a proibição ?absoluta? da execução de músicas que façam apologia do crime e das drogas, a implantação de uma segurança interna articulada com a PM, a proibição do consumo de bebidas alcoólicas por menores, o controle do volume de som, a gravação dos bailes em fitas de áudio para eventual fiscalização posterior, e a garantia de que os bailes estarão abertos aos meios de comunicação. ?Nunca aceitei fazer baile tipo corredor da morte. Há casos de bailes financiados por traficantes, mas nós fazemos o funk legal. Já fui convidado a me retirar de uma favela por traficantes que me proibiram de fazer bailes?, disse o DJ Marlboro, que tem 22 anos de discotecagem. ?O funk é uma oportunidade para o jovem de periferia ser alguém na vida e viver dignamente.? Segundo ele, haverá um baile inaugural no sábado, na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, para comemorar a ?nova fase? dos funk na cidade. ?Manifestações artísticas e culturais não podem ser confundidas com aspectos da violência?, disse Grassi.

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