Balas perdidas fazem mais duas vítimas no Rio

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Por Agencia Estado
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Após um fim de semana violento, o Rio registrou nesta segunda-feira duas vítimas de balas perdidas. De madrugada, a professora Elisa Lima de Oliveira, de 46 anos, foi atingida na perna esquerda por um tiro de pistola, quando dormia em seu apartamento, no Rio Comprido (zona norte). Pela manhã, no mesmo bairro, o estudante de odontologia Luiz Antônio Marcondes Jr., de 19 anos, filho do cantor e compositor Neguinho da Beija-Flor, foi baleado no tórax, na Rua do Bispo, quando caminhava em direção ao campus da Universidade Estácio de Sá, onde assistiria a uma aula. O cantor criticou a atuação da polícia. Marcondes Jr. foi ferido por volta das 9 horas por um tiro que atravessou seu diafragma e seu fígado, depois que três homens em um Astra preto, placas LCV 5583, trocaram tiros com policiais de uma cabine próxima à universidade. Os PMs estranharam quando o carro se chocou com um ônibus e um caminhão e resolveram verificar o que acontecia, sendo recebidos à bala pelos ocupantes do Astra, que tinham assaltado uma loja na Tijuca. Houve perseguição, e o carro foi deixado perto de uma escola, usada pelos criminosos como rota de fuga. Dentro do automóvel foi encontrada uma granada. Ninguém foi preso. "A única coisa que pensei na hora foi em me esconder. Ele (Marcondes) estava andando um pouco na frente. Entramos em um estacionamento e depois ele apareceu, sangrando e pedindo ajuda", contou José Dahas, de 18 anos, um dos quatro colegas de turma que acompanhavam o filho do cantor. Os amigos pediram um carro emprestado e levaram o rapaz para a Casa de Portugal. Marcondes Jr. foi operado durante quatro horas e deve permanecer no CTI pelo menos até quarta-feira. Devido à anestesia, nesta segunda-feira ele respirava com auxílio de aparelhos. Apesar do quadro grave, o médico Carlos Chiesa informou que não há risco de vida. A maior preocupação é com o risco de infecções. A vice-governadora, Benedita da Silva, e a cúpula da Segurança Pública no Estado estiveram no local. "A polícia tem que ficar mais atenta. Não pode sair atirando na frente de uma universidade. É uma imprudência", criticou Neguinho da Beija-Flor. O campus em que Marcondes Jr. estuda tem cerca de seis mil alunos. O secretário de Segurança, Josias Quintal, minimizou o episódio, argumentando que os confrontos acontecem devido ao empenho da polícia no combate ao crime. A professora Elisa Lima de Oliveira, de 46 anos, foi baleada por volta de 1 hora da manhã desta segunda, quando dormia ao lado do marido, o advogado Astênio Evangelista de Oliveira, da mesma idade. Os três filhos do casal acordaram com os gritos da mãe, que foi imediatamente levada para um hospital. Transferida para a Clínica São Vicente, na Gávea (zona sul), a professora foi submetida a exames de raio X. À tarde, já estava em casa. "Ela está tomando antibióticos e daqui a sete dias a bala deve ser removida. Até lá fica em repouso absoluto", disse o advogado. Há pouco mais de um mês vivendo no apartamento localizado na Rua Santa Amélia, a família pensa em se mudar. "Ainda não está decidido. A gente sabe que bala perdida não acontece só aqui", observou Oliveira. Os dois casos aconteceram em região próxima ao Morro de São Carlos, no Estácio (centro), onde quatro pessoas morreram e outras seis, inclusive um bebê de oito meses, ficaram feridas em tiroteios no fim de semana. Os confrontos aconteceram entre membros das facções criminosas Comando Vermelho e Terceiro Comando, que disputam pontos de venda de drogas. Na semana passada, houve duas outras mortes: uma no Morro do Cantagalo e outra na Favela Praia da Rosa, esta seguida por atos de vandalismo por parte de moradores.

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