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Contra 'blasfêmia' na Parada Gay, deputados rezam na Câmara

Com cartazes, parlamentares se enfileiraram atrás da Mesa Diretora presidida por Cunha e gritaram por 'respeito'

Foto do author Beatriz Bulla
Por Ricardo Della Coletta e Beatriz Bulla
Atualização:
Parlamentares rezaram em coro o Pai Nosso Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Com a anuência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputados da bancada religiosa interromperam a votação de um dos itens da reforma política para protestar contra o que chamaram de "cenas blasfemas" praticadas durante a 19ª Parada Gay de São Paulo, no último final de semana.

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Empunhando cartazes com imagens da Parada Gay e de manifestações conhecidas como 'Marcha das Vadias' e 'Marcha da Maconha', os parlamentares se enfileiraram atrás da Mesa Diretora presidida por Cunha, que é membro da Assembleia de Deus em Madureira, gritaram por diversas vezes a palavra "respeito" e rezaram em coro o "Pai Nosso". 

O alvo dos parlamentares da bancada religiosa foi um ato realizado na Parada Gay, na qual, sob os dizeres "basta de homofobia GLBT", uma transexual encenou estar sendo crucificada. Nesta quarta, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que ficou conhecido por ter proposto no início desta semana um projeto que torna crime hediondo o que o deputado chama de "cristofobia" (ultraje, impedimento ou perturbação de cultos religiosos), disse que o "País assistiu cenas blasfemas". 

"Alguns manifestantes, ao fazer atos blasfemos de intolerância religiosa, colocam o que existe de mais sagrado - a família - numa situação difícil". Já o deputado João Campos (PSDB-GO), quem em 2013 ficou famoso ao encampar o projeto da "cura gay", disse nesta noite que os "ativistas LGBT cometeram crime de profanação contra o símbolo religioso".

Reação. O deputado Roberto Freire (SP), que é presidente do PPS, reagiu à manifestação religiosa ocorrida no Plenário da Câmara e destacou a laicidade do Estado. "Nós vivemos em uma República laica e não (se) pode transformar esse Plenário - até para respeitar quem não tem profissão de fé religiosa - numa igreja. Não pode ter aqui nenhuma reza", protestou, quando foi fortemente vaiado por outros deputados. "Respeitem a república laica brasileira", concluiu. A votação foi retomada na sequência.

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