Bandidos invadem Linha Vermelha e trocam tiros com a PM

Um grupo de 20 marginais tentaram roubar carros na Linha Vermelha

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Por Agencia Estado
Atualização:

Por volta da 1h da madrugada deste domingo, um grupo de 20 marginais, da Favela Furquim Mendes, em Duque de Caxias, região central do Rio, invadiram a Linha Vermelha com a intenção de roubar veículos. O Agrupamento Tático Móvel da Polícia Militar foi acionada e durante 20 minutos houve tiroteio entre bandidos e a PM. Ninguém ficou ferido. Durante a noite de quinta-feira, três ataques de bandidos foram registrados, um ônibus foi queimado em Niterói, na Região Metropolitana, e duas cabines - uma do Batalhão de Vias Especiais (BPVE) e uma do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) - foram alvos de criminosos que passaram atirando de dentro de um carro roubado. Até por volta das 23h30 não havia registros de feridos. A série de 37 ataques, que começou na madrugada desta quinta, deixou 18 mortos, entre eles nove civis, dois policiais e sete bandidos, segundo balanço da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Outras 25 pessoas ficaram feridas. Por medo de novos ataques, a maioria das 48 empresas de ônibus do Rio recolheu os coletivos mais cedo, antes do início da madrugada. O ônibus queimado em Niterói à noite é da Viação Pendotiba. Com este, sobe para 13 o número de coletivos incendiados. As cabines do BPVE e do BPRV não chegaram a ser atingidas. Minutos antes, criminosos haviam roubado o Honda Civic, usado no ataque. A base do BPVE fica perto da Linha Vermelha, na entrada da Ilha do Governador, e a do BPRv é na Linha Amarela, perto do ao acesso da Avenida Brasil, que liga as zonas norte e sul. Um policial militar ainda não identificado foi morto a tiros quando estava de folga, no Engenho de Dentro, na zona norte. Segundo testemunhas, ele estava dirigindo o carro, parado no sinal, quando foi abordado por quatro homens num Golf. Para a polícia, ele reagiu a um assalto e a sua morte não tem relação com os últimos ataques. Ônibus e mortes Um outro ataque a ônibus, ocorrido ainda na madrugada de quinta, foi confirmado somente à noite. A Viação 1001, através de sua assessoria, informou que um ônibus que fazia a linha Rio-São Paulo chegou a ser atingido na parte superior por tiros, quando passava pela Avenida Brasil, na altura da favela de Vigário Geral. O ônibus viajava lotado, mas o motorista não parou e ninguém ficou ferido. O caso mais chocante foi a morte de sete passageiros de um ônibus da Viação Itapemirim, que levava passageiros do Espírito Santo para São Paulo. De acordo com testemunhas, dois criminosos entraram no coletivo quando este passava pela Avenida Brasil, despejaram combustível, impediram os passageiros de sair e atearam fogo. Além dos sete mortos carbonizados, outros 12 ocupantes ficaram feridos. Prisões Durante a tarde a polícia prendeu três suspeitos de incendiar o ônibus da Viação Itapemirim. Graciel Mauricio do Nascimento Campos, de 18 anos; Cleber de Carvalho Fonseca, de 23 anos, que tem passagem na polícia por tráfico de drogas; e Elzio Guilherme de Oliveira, de 23 anos - que estava sem documentos e não teve a identidade confimada. Todos são do bairro Nova Campina, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com o delegado Eduardo Freitas, da 22ª Delegacia de Polícia, sua equipe já sabe, inclusive, quem comprou o combustível utilizado no crime e quem foi responsável por atear fogo ao ônibus. Suspeitos mortos A PM informou que dois homens foram mortos na madrugada de quinta-feira, quando teriam tentado atacar uma cabine da corporação. Os policiais de plantão reagiram e houve troca de tiros. Um dos mortos foi identificado como Luiz Cláudio Veras, de 22 anos. Com eles, "foram apreendidas uma granada M-9, uma pistola calibre 40 com três munições intactas e uma motocicleta roubada". O secretário estadual de Segurança, Roberto Precioso, disse que, além dos suspeitos presos, outros sete foram mortos. "O resultado foi trágico", disse. "Se não fosse a ação da polícia, poderia ter sido pior." Represália Em represália aos ataques dos bandidos, à tarde mais de 80 homens da Polícia Civil entraram no Complexo do Alemão, onde estão as favelas, com o pretexto de prender o traficante conhecido como Nica, que seria o chefe da facção Comando Vermelho na região, e um companheiro conhecido como Gerinho. Houve intenso tiroteio e, durante o confronto, no início da noite, os criminosos usaram granadas. Um policial e dois traficantes foram feridos. Os policiais bloquearam o acesso ao complexo a partir da Avenida Nossa Senhora da Glória, de onde atiram nos criminosos, enquanto uma equipe de agentes, abrigada no carro blindado conhecido como ´Caveirão´, tentavam entrar na favela. Segundo Reimão, a operação visa revidar os ataques cometidos desde a madrugada por bandidos, que supostamente obedeciam a ordens dadas a partir de presídios. Motivos dos ataques A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o motivo dos ataques no Rio, embora ainda não haja consenso entre as principais autoridades. Para o secretário de Segurança Pública, Roberto Precioso, os ataques foram motivados pela insatisfação dos presidiários com a troca de governo, com a saída de Rosinha Garotinho (PMDB) e a posse de Cabral, no dia 1º de janeiro. Já o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, afirmou que os atentados são resultado da união das facções criminosas contra o avanço das milícias - organizações formadas por ex-agentes da lei, acusadas de expulsar traficantes de favelas. Este motivo estaria explícito em panfletos distribuídos pelos bandidos. Aviso As autoridades de segurança do Rio sabiam que uma onda de ataques estava sendo articulada pelos bandidos. A inteligência da Polícia Federal havia alertado, dois dias antes, que facções criminosas preparavam atentados, previstos para começar na quarta-feira e destinados a promover um banho de sangue às vésperas do Ano Novo, no momento em que a cidade recebe milhares de turistas do mundo inteiro. Graças ao alerta, a Secretaria de Segurança do Rio mobilizou forte aparato policial e guarneceu os pontos sensíveis da cidade. "Era para ter sido muito pior", disse o diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, que se encontra no Rio para passar o Réveillon. Principais ataques A seguir, os principais ataques registrados no Rio nesta quinta-feira: - Dois policiais militares são atacados na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, zona oeste. Um PM morre, outro fica ferido e um suspeito é morto - Criminosos disparam contra uma cabine da PM em Botafogo, na zona sul, matam uma vendedora ambulante, que trabalhava próximo aos policiais - Dois ônibus são incendiados na Avenida Brasil. Em um deles, não há feridos. No outro, sete passageiros morrem carbonizados e dois ficam desaparecidos - A Delegacia de Polícia de Campinho, na zona norte, é metralhada. Um homem que registrava queixa no local morre - A Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Grajaú, na zona norte, é metralhada - Um PM que estava parado em um veículo é morto com 12 tiros na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul - Um grupo de 20 marginais, da Favela Furquim Mendes, em Duque de Caxias, invadiram a Linha Vermelha para roubar veículos. Durante 20 minutos houve tiroteio entre bandidos e a PM.

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