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Bando armado ataca parlamentares no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Um comboio com mais de 15 criminosos ? e pelo menos seis crianças ? fortemente armados atacou duas vezes seguidas a deputada estadual Graça Pereira (PTdoB) e seu marido, o vereador Jorge Pereira (PFL), na Linha Amarela (zona norte), na madrugada desta quinta-feira. Depois de roubar a caminhonete Dodge do casal e parar a cerca de 300 metros de distância, quando o carro foi bloqueado por um sistema de satélite, o bando voltou irado e quase assassinou o político. Os criminosos só desistiram quando Pereira disse que faz trabalho social no Complexo da Maré, próximo ao local. O ?bonde? já vinha atuando naquela noite em bairros vizinhos. A comerciante Maria do Socorro Mendes teve o carro atingido por uma bala ao passar pela via. 12 carros roubados Até o fim da tarde desta quinta, doze carros roubados haviam sido recuperados pela polícia na favela Nova Holanda. A Linha Amarela tem sido palco de freqüentes roubos como o desta quinta e fechou duas vezes neste mês por esse motivo. Foi lá que, nesta semana, os irmãos cantores Sandy e Junior sofreram tentativa de assalto comandada por traficantes da Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré. Dispositivo de emergência O casal de políticos voltava de madrugada de uma reunião na Barra da Tijuca (zona oeste) para casa, na Ilha do Governador (zona norte), quando foi abordado pelos marginais, em vários carros. Pereira acionou um dispositivo de emergência do carro, alertando a empresa SAS Car, responsável pela implantação de rastreador e bloqueador por satélite no carro, para casos de roubo e furto. Funcionários da central da empresa passaram a escutar as conversas de dentro do carro por um microfone instalado e ouviram os gritos durante o assalto. Quando acharam que os bandidos estariam longe, bloquearam o carro. Nervosos e armados Muito nervosos e a pé, Pereira e Graça pediram socorro para o motorista de van Francisco de Assis e seguiam de carona com ele quando foram novamente parados pelo grupo. ?É o dono do carro vermelho, que bloqueou o carro?, reconheceu um dos bandidos. ?Mata ele logo, mata, mata!?, gritavam os rapazes, aparentemente drogados, que apontavam fuzis e pistolas ameaçadoramente para o político. Mesmo apavorado, Pereira conseguiu explicar que é vereador e dirige o Grupo Comunitário Equipe, centro de atendimento médico e dental destinado à comunidade da Maré. Só assim foi poupado. Ainda lhe devolveram um telefone celular que julgaram ser o seu. ?Realmente pensei que fosse morrer?, disse Pereira. Ameaça de morte Carteiras, relógios e documentos já haviam sido levados por outra parte do grupo e não foram recuperados. O motorista Assis tentou fugir a pé quando viu a cena, mas foi detido por um homem armado, que também o ameaçou de morte. ?Achei que fossem matar todo mundo?, contou. Assis presta serviços para a Varig, mas garante que vai abandonar o trabalho. ?Àquele lugar, não volto nunca mais. Nos últimos três meses, vi três tiroteios na Linha Amarela. Já trabalhava à noite com medo, porque a gente não vê nenhum policial, agora vou largar esse emprego.? Crianças O vereador Pereira pensa em processar a SAS Car, porque correu risco de vida por causa do sistema contratado. ?A gente pensa que está superprotegido, mas acaba se arriscando mais?, disse. O slogan da empresa é ?Segurança para quem não quer virar estatística?. A direção da SAS não quis se manifestar nesta quinta. A polícia informou que fazia uma blitz na região uma hora antes do incidente. O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, lamentou a participação de crianças na ação. ?Eram umas seis a oito crianças entre dez e 13 anos?, relatou o motorista Assis. ?Vejo com profundo pesar crianças serem usadas no crime. É necessário muito mais que polícia para resolver esse problema. A sociedade tem que se mobilizar e ver que lugar de criança é na escola, armada com livros e não com fuzis?, disse. Braz prometeu usar o Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Linha Amarela para prevenir novos ?bondes? como o desta quinta. A via expressa, que liga as zonas norte e oeste da capital, tem 25 quilômetros de extensão e atravessa 20 favelas, por 14 bairros. ?É uma área com comunidades escravizadas pelos traficantes e por isso temos que incrementar ainda mais a atuação policial.?

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