06 de agosto de 2010 | 00h00
Alguns usam a barba para melhorar o desenho do rosto, para encobrir lábios muito finos, ou grossos demais, ou disfarçar uma papada. Uns, para se esconder, outros para se exibir. A verdade é que a barba protege bem o rosto em climas frios - mas é muito incômoda nos trópicos.
Essa chateação diária masculina, movida a espuma e gilete, ou ao zumbido do barbeador elétrico - e pior, enfrentando o espelho -, ou a opção preguiçosa ou vaidosa pelos pêlos, virou uma questão política no Brasil. A barba se tornou a cara do PT.
Nunca na história deste país, um partido político, além de se apresentar como mais ético, honesto e solidário do que os outros, exibia a sua diferença com uma identidade visual - as barbas bravias de seus líderes e militantes, inspiradas nos barbudos de Sierra Maestra. Nos bares, surgia um novo tipo popular urbano: o "barbudinho do PT". Se fosse marketing, a estratégia do branding capilar se tornaria um case de sucesso, paralelo à trajetória da barba de Lula, que de eleição em eleição foi sendo aparada e tratada enquanto o sapo barbudo passava a príncipe barbado.
Quando o careca e barbeado Marcos Valério e o barbudo Delúbio fizeram coisas cabeludas no mensalão, os petistas puseram as barbas de molho. Os bigodudos Tarso, Luiz Dulci e Mercadante queriam refundar o partido, mas as barbaças e barbichas sindicais se eriçaram. Seria fazer o jogo sujo da direita bem barbeada. A direita é glabra.
Hoje, as barbas aparadas de Antonio Palocci, Marco Aurélio Garcia, Celso Amorim e Jaques Wagner estão em unidade capilar com os bigodudos e com os cavanhaques leninianos de Zé Dutra, Berzoini e Genoino. Não há no primeiro time petista, tirando Marta e Dilma, ninguém de cara limpa. Só o neocabeludo Zé Dirceu.
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