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Barco que naufragou com 80 no Amazonas voltava de festa

Tragédia vitimou, até o momento, pelo menos 20 pessoas; segundo a Marinha, havia 80 pessoas no barco

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Por Redação
Atualização:

O barco regional "Comandante Sales", que conduzia cerca de 80 passageiros, tombou na madrugada deste domingo, 4, na margem esquerda do rio Solimões, no interior do Amazonas, e vitimou, até o momento, pelo menos vinte pessoas. Os passageiros da embarcação retornavam da "Festa do Raimundo Souza", patrocinada por uma família tradicional da região, que vive na comunidade "Lago Pesqueiro". A festa é realizada anualmente no dia 3 de maio. Veja Também: Embarcação com 80 passageiros naufraga no Amazonas Lanchas, um navio da Patrulha Fluvial e um helicóptero da Marinha auxiliam a equipe de resgate formada por 100 homens das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros, da Marinha e das Defesas Civil de Manaus e do município de Manacapuru. A tragédia ocorreu 20 minutos depois que a embarcação deixou a comunidade "Lago Pesqueiro" com destino a Manacapuru (cidade que fica a 68 quilômetros de Manaus). A viagem duraria pelo menos 1h20. O barco Comandante Sales, segundo testemunhas e sobreviventes, estava superlotado. No momento do acidente chovia forte e as águas do rio eram agitadas por um intenso "banzeiro" (pequenas ondas). Para entrar não barco, cada passageiro desembolsou R$ 5. Segundo a Marinha, havia 80 pessoas na embarcação, mas agentes das polícias Civil e Militar do Amazonas, que participam do resgate, dizem que o número de passageiros pode chegar a 120. A equipe de resgate já sabe que terá muita dificuldade para mensurar o número correto de passageiros que ainda precisam resgatar, em virtude da não exatidão do número de pessoas que estavam no barco, no momento do acidente. A tripulação da embarcação não tinha uma lista dos passageiros. Segundo o policial civil Mauro Pessoa, que esteve no local do acidente, no momento em que a equipe de resgate chegou ao local, muitos corpos estavam engatados em redes de dormir. "A maior dificuldade foi retirar as pessoas que ficaram presas dentro dos camarotes", relatou o agente civil. De acordo com Mauro Pessoa, parte dos passageiros foi salvo por pescadores que passavam pela região do acidente em um barco a motor. Outros sobreviventes nadaram até a margem esquerda do rio Solimões. O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou que toda a cidade está consternada com a tragédia. Segundo ele, o número de vítimas só não foi maior porque policiais militares chegaram a retirar, à força, passageiros de dentro da embarcação. "Mas muita gente acabou se escondendo e conseguiu viajar", disse. Para Régis, é preciso criar uma "cultura de segurança" dentro das embarcações, para que acidentes como esse possam ser evitados. "Se a própria tripulação não tomar consciência disso, fica difícil resolver o problema só com o poder de polícia". Inquérito O acidente com o barco Comandante Sales ocorreu entre 5h30 e 5h45 de domingo. No momento do acidente, havia uma forte tempestade. Até às 14h, dez mulheres e dois homens haviam sido resgatados sem vida. Às 16h, 15 corpos tinham sido encontrados. O 9º Distrito Naval da Marinha vai abrir inquérito para punir os proprietários da embarcação Comandante Sales, que, segundo informou a assessoria de comunicação do distrito, não tinha autorização nem para transportar cargas nem passageiros. De acordo com o tenente Lenilton Araújo, da assessoria de imprensa da Marinha em Manaus, o inquérito administrativo para apurar o acidente será coordenado pela Capital Fluvial da Amazônia Ocidental e terá prazo inicial de 90 dias para ser concluído, podendo ser prorrogado por até um ano. Resgate difícil A água barrenta do rio Solimões, e a forte correnteza, são uns dos empecilhos da equipe de resgate que procura os corpos vitimados no naufrágio de ontem. Até o fim da tarde de domingo, 20 pessoas se apresentaram a autoridades policiais, em Manacapuru, se dizendo sobreviventes da tragédia. Em virtude da forte correnteza, o barco Comandante Sales foi amarrado a outras duas embarcações, para evitar que tomasse rumo incerto, nas águas do rio Solimões. Ontem à tarde, o Corpo de Bombeiros decidiu montar uma barreira flutuante, com bóias e redes, em frente à comunidade Bela Vista, a 30 quilômetros do local do acidente, numa tentativa de evitar que os corpos desapareçam no rio Solimões.

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