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Bares e clubs alertam fumantes com estratégias próprias

Fila para o cercadinho foi um dos problemas da balada

Por Mônica Cardoso e SÃO PAULO
Atualização:

No terceiro dia de vigência da lei antifumo, bares e restaurantes descobrem maneiras de alertar os clientes sobre a necessidade de respeitar as novas regras, sem, no entanto, espantar a turma do fumacê com atitudes coercitivas. Na balada, casas como o Clash Club, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, os funcionários circularam de buttons com o logotipo da campanha (o contorno do mapa de São Paulo em vermelho com um cigarro cortado). Para reforçar, duas hostess num atitude simpática distribuíram panfletos durante a noite. Alguns estabelecimentos ainda institucionalizaram o cercadinho, área ao ar livre, restrita pela casa para permitir o controle do entra e sai dos fumantes e evitar assim que espertinhos fossem embora sem pagar. Informar o público faz parte de uma campanha que algumas casas adotaram antes mesmo de a lei entrar em vigor. "Há dois meses, iniciamos a panfletagem para orientar o público", diz o gerente Laelson Ferreira, da Clash Club, que agora circula pela casa de lanterna na mão para flagrar os fumantes em ação. "Muitas vezes, a pessoa nem se dá conta. Pede uma bebida e acende o cigarro automaticamente." No Alley Club, na Barra Funca, um cercadinho permite que até dez pessoas saiam de cada vez para fumar. "É uma alternativa e os clientes estão aderindo. Não vamos ter um procedimento burocrático de confiscar o maço de cigarros nem pedir para as pessoas pagarem para sair", diz o proprietário Cesar Mendonça. "Não vamos fechar as portas para o fumante." Apesar da adesão, o cercadinho não agradou. "Acho essa lei bastante opressora. É bem desagradável ter de sair para fumar. Ontem, havia uma fila enorme de pessoas aguardando para sair", diz a historiadora Gabriela Toledo, de 28 anos, frequentadora da Clash. Na tentativa justamente de evitar o problema da fila para o cercadinho, o bar Praça Vila Madalena, na zona oeste, colocou seguranças controlando o tempo de permanência dos fumantes. "Se apagar o cigarro, o segurança já pede para se retirar porque tem outra pessoa aguardando. Estou fumando mais, dois cigarros de cada vez. E não pode trazer o copo para fora", conta a relações-públicas Eleonora Castello Branco, de 23 anos. Para acompanhar os amigos, o designer Rodolfo Iziquiel, de 25, que não fuma, segurava um cigarro apagado. "Não ia ficar sozinho na mesa do bar." Na Vila Madalena, o fumante não teve sossego nem nas mesas de bares colocadas nas calçadas. Para não serem multados em outra lei, a do Psiu, os estabelecimentos tiveram de retirar as mesas por volta da uma hora da manhã. O jeito era fumar do lado de fora, de pé mesmo, e às vezes sem companhia. As calçadas da Vila Madalena ficaram lotadas. As amigas não fumantes da assistente administrativa Karina Venegas, de 26 anos, se revezavam para acompanhá-la toda vez que saía para fumar. " Me sinto excluída", diz Karina.

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