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Barragem transborda e se rompe na Bahia; 500 pessoas deixam suas casas

Excesso de chuva em Pedro Alexadre contribuiu para enchente na estrutura; cidade vizinha de Coronel João Sá foi atingida

Por Ana Paula Niederauer , Bruno Ribeiro , Felipe Cordeiro , Giovana Girardi , Túlio Kruse e Heliana Frazão
Atualização:
Fortes chuvas que caíram na região contribuíram para o rompimento da barragem do Quati em Pedro Alexandre, na Bahia. Água e lama atingiram o município de Coronel João Sá Foto: Junior Nascimento /Prefeitura Coronel João Sá

SÃO PAULO e SALVADOR – Após fortes chuvas, uma barragem de água transbordou e se rompeu no distrito de Quati, em Pedro Alexandre (BA), na manhã desta quinta-feira, 11. A correnteza alagou pelo menos 157 imóveis na região, obrigou cerca de 500 pessoas a saírem de casa e também interditou uma rodovia federal. Não há registro de mortos ou feridos. 

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O governo da Bahia confirmou na manhã desta sexta-feira, 12, o rompimento da Barragem do Quati. Técnicos da Defesa Civil do Estado e do Corpo de Bombeiros constataram que após o transbordamento inicial, com rachadura nas laterais, a pressão da água provocou o rompimento parcial da estrutura. 

A barragem fica a 440 km de Salvador, perto da divisa da Bahia com Sergipe. Nesta quinta mais cedo, a Defesa Civil local havia informado o rompimento da barragem, mas a Superintendência de Defesa Civil da Bahia (Sudec) disse que o excesso de precipitação provocou um “galgamento”, quando a água transborda da parede do açude. 

Água atingiu o município vizinho Coronel João Sá Foto: Diego Santos/ Defesa Civil de Coronel João Sá/ Divulgação

Segundo a coordenadora da Defesa Civil de Pedro Alexandre, Carla Leão, a chuva atingiu cerca de 100 milímetros em 24 horas na região. “Desde as 7h20 nós já estávamos avisando a população da região. Fomos avisando via internet e ligando para que os moradores deixassem as residências.”

Segundo os relatos, a água não chegou de uma vez, o que permitiu que os moradores deixassem as casas a tempo. Em alguns casos, foi possível até recolher alguns objetos de valor, como computadores, mas nem todos tiveram essa chance. “Muita gente perdeu os móveis”, contou a lavradora Sirleide da Silva. 

Conforme a Defesa Civil, sete casas nos povoados de Quati e Boa Sorte ficaram inundadas pela quantidade de água e lama. A área mais atingida, porém, foi uma parte da cidade vizinha, Coronel João Sá, onde pelo menos 150 imóveis foram atingidos. 

A cidade decretou situação de emergência e deslocou cerca de 500 moradores para cinco escolas municipais. Segundo a prefeitura de Coronel João Sá, uma idosa que mora em uma das ruas alagadas quase se afogou, mas os bombeiros conseguiram resgatá-la a tempo.  “A prioridade, no momento, é fornecer assistência às pessoas: colchão, cobertores, mantimentos, água e roupas”, disse Carlinhos Sobral (MDB), prefeito da cidade de 17,5 mil habitantes. Pela manhã, nas redes sociais, Sobral avisou à população sobre o risco de inundação e a necessidade de sair das casas. 

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Prefeito de Coronel João Sá, Carlinhos Sobral, citou nas redes sociais as escolas municipais disponíveis para acolher a comunidade Foto: Diego Santos/ Defesa Civil Coronel João Sá/ Divulgação

A água ainda bloqueou a Rodovia BR-235, na altura do km 25, trecho que liga Jeremoabo (BA) e Carira (SE). Segundo a Polícia Rodoviária Federal na Bahia, a estrada estava intransitável nos dois sentidos até a tarde desta quinta. Ainda segundo a Sudec, a grande quantidade de água e lama nos acessos atrapalhava nesta quinta o envio de ajuda e mantimentos. 

Responsabilidade

Segundo o governo da Bahia, a barragem foi construída pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, vinculada ao Estado, e entregue em novembro de 2000 à Associação de Moradores da Comunidade de Quati. É uma estrutura pequena, com menos de 200 hectares, e não chega a ser classificada dentro da Lei Nacional de Barragens. 

O governo estadual disse, ainda, que a responsabilidade sobre a barragem é do município, uma vez que foi entregue à comunidade. O Estado não conseguiu contato com a prefeitura de Pedro Alexandre nesta quinta. 

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A Agência Nacional de Águas (ANA) afirmou que a barragem não consta do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (Snisb) e que, portanto, não tem informação sobre risco ou dano potencial da sua estrutura. Por se tratar de uma barragem em rio estadual, segundo o órgão, a fiscalização desse açude não compete à ANA, e sim à autoridade competente na Bahia. 

'Aqui nunca havia alagado antes'

Pelas redes sociais, moradores foram avisados do transbordamento da barragem. “Estava almoçando quando vi um vídeo do prefeito pedindo para a cidade ser evacuada”, conta o professor Seltom Abreu, de 34 anos, dono de uma escola em Coronel João Sá. "Como a barragem fica distante, a água não chegou de uma vez. Foi alagando.”

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Dessa forma, deu tempo para que ele e vizinhos retirassem móveis e computadores. “A primeira coisa que peguei foram documentos, o que não daria para recuperar”, afirmou. “Está chovendo há uma semana. No lugar onde fica a escola, nunca havia alagado antes", disse ele, no início da noite, por telefone, enquanto estava no ginásio para onde foram os desabrigados.

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