Base aliada se revolta contra Marta

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os vereadores da base aliada da prefeita Marta Suplicy (PT) se rebelaram nesta quarta-feira no plenário da Câmara Municipal de São Paulo e chegaram a ameaçar a não votar mais nesse semestre nenhum projeto do Executivo e, em seguida, entrarem em recesso parlamentar. Essa é primeira vez que o grupo se volta abertamente contra o governo. Oficialmente, os motivos da crise se deram porque os parlamentares não receberam cópias dos projetos substitutivos do Plano Diretor e Subprefeituras, que eles alegam conter falhas, e pelo excesso de intromissão da Prefeitura no andamento da Casa. Entretanto, nos bastidores, alguns parlamentares disseram que a rebelião começou porque vereadores queriam cargos na administração pública em troca do seu voto. "Não há conversa (do Executivo) com o Legislativo, tudo o que se fazia em governos anteriores aqui se faz pior", disse o vereador Toninho Paiva (PL). Problema semelhante enfrentou o ex-prefeito Celso Pitta (PSL) com os vereadores da sua base governista na mesma Câmara Municipal. O episódio ficou conhecido como "Os rebeldes". "Faltou tinta na caneta (para aprovar os cargos)", disse um influente vereador que pede o anonimato. No início da sessão ordinária desta quarta, os vereadores acordaram em votar quatro projetos do Executivo. Entretanto, no meio da sessão, parlamentares começaram a conversar reservadamente e, em alguns segundos, um pequeno tumulto estava formado no plenário da Casa. Os vereadores da base aliada começaram a arregimentar outros vereadores para conseguir 28 votos e aprovar, em segunda votação, a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) do orçamento de 2003. Se tivessem êxito, automaticamente a Câmara entraria em recesso e todos os principais projetos do Executivo, como o Plano Diretor e Subprefeituras, só poderiam voltar a serem discutidos em agosto, fim do recesso parlamentar. Somente a própria prefeita, o presidente da Câmara ou 19 vereadores poderiam convocar sessões extraordinárias nesse período. A presença do parlamentar não é obrigatória. "A gente pretendia votar a LDO e ir embora para casa e discutir os projetos do Plano Diretor e Subprefeituras melhor", afirmou Toninho Paiva, um dos vereadores que tentou conquistar votos de seus pares para a aprovação da LDO. "Isso (a votação da LDO) pode acontecer amanhã (nesta quinta). Queremos votar a LDO e encerrar o semestre." Visivelmente nervoso, o líder do governo, vereador José Mentor (PT), corria na contramão da base aliada para convencer os vereadores a continuar com o governo. Com a situação tensa, o líder do PT, Arselino Tatto, resolveu pedir a suspensão simbólica da sessão por 15 minutos. "Estamos analisando (a situação) de uma forma consciente", disse o vereador Vanderlei de Jesus. "Alguns projetos não podem ser aprovados da forma que estão e não é porque somos da base aliada é que vamos aprovar qualquer projeto que venha (do governo)." Com a suspensão, Mentor chamou uma reunião a portas fechadas com a base aliada. A suspensão, que era de 15 minutos, durou 1 hora e 45 minutos. Na saída, alguns vereadores reclamaram que não houve acordo com o governo que, segundo parlamentares, teria 24 horas para resolver a situação. "Sou favorável a que se vote a LDO amanhã (nesta quinta) e veja o Plano Diretor e a Subprefeituras em agosto. Hoje não tem como aprovar esses projetos", disse o líder do PMDB, Milton Leite. Após a reunião, a bancada do PSDB começou a gritar no plenário "queremos trabalhar, o PT não quer deixar". A platéia presente, aplaudia fortemente. "Quem manda na Câmara é o Executivo. Não se discute mais projetos nesta Casa, a Câmara só vota o que o executivo quer", disse o vereador tucano Roberto Tripoli. Os tucanos ainda tentaram votar dois projetos mas, como não houve acordo, a sessão foi suspensa e convocada para esta quinta. Ao final dos trabalhos, o líder do governo subiu para o seu gabinete às pressas. Segundo sua assessoria de Imprensa, ele não poderia receber a reportagem pois estava em reunião com vereadores e outras pessoas. A reportagem também deixou recado no celular do vereador, que estava desligado.

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