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''Bati com o machado. Nem vi se o tinha atingido''

Por Tatiana Favaro
Atualização:

"Está mais difícil sair daqui do que do cativeiro", disse o empresário Pedro Ivo Torres de Souza aos jornalistas que pediam ontem para que ele repetisse a sua história na Delegacia Seccional de Americana. Ele estava cansado e abatido, embora não tenha ficado amarrado nem tenha sido agredido pelos seqüestradores que o mantiveram refém desde sexta-feira. Souza já parecia perceber que se tornou um contraponto das estatísticas ao reagir ao seqüestro com violência e ter conseguido escapar com vida. Abaixo, trechos da entrevista. Em que momento você decidiu reagir? Não teve um momento. Foi tudo junto. Eles já tinham me ameaçado várias vezes. E um deles disse uma vez que não queria mais o dinheiro, que ia me matar mesmo se o resgate fosse pago. Não fiquei esperando. É que vi que o Robson Barbosa fechava os olhos e abria logo, assustado, com medo de eu não estar mais ali. E uma hora ele fechou e respirou mais fundo, parecia um ronco leve. Nem sei o que pensei. Peguei o machado e, ajoelhado, porque de pé eu quase encostava no teto, fui dando os golpes. Você não teve medo? Nem pensei. Ele estava deitado de lado, bati com o machado. Nem vi se o tinha atingido. Ele estava com um cobertor. Quando bati, ele virou de lado e puxou o cobertor. Não vi se tinha acertado, onde tinha acertado, peguei a arma logo e fui para o outro cômodo. Não sabia quem era e quem não era seqüestrador, então levei quem estava ali. Disse para ninguém se mexer. Que se saísse correndo eu atirava. Como você se sente quando lembra do momento em que deu os golpes com o machado? É estressante. Queria explicar, mas não consigo. Você pretende voltar à empresa em breve? Quero tentar voltar à vida normal. Mas, antes, quero que os foragidos sejam presos.

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