Um parto raro na medicina ocorreu em Natal, nesta sexta-feira, no final da tarde. Vitória, de 1,9Kg, nasceu saudável, após uma gestação abdominal de 36 semanas e dois dias (equivalente a oito meses e meio). A obstetra Kívia Mota, especialista em fertilização e plantonista da Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), disse que ocorre cerca de 1 caso de gravidez no abdome para cada 10 mil, mas o fato raro é a gestação durar por um período próximo dos nove meses. "Melhor ainda é que o bebê nasceu perfeito", enfatizou a especialista. A cirurgia durou uma hora, e o procedimento foi semelhante a uma cesariana. Maria de Fátima Luiz, 29, mãe de Vitória, teve pouco sangramento. "Provavelmente, ela perdeu o ovário e a trompa direita", adiantou a obstetra. A recém-nascida está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), um cuidado normal para bebês com baixo peso. Kívia Mota diz que gestações abdominais ocorrem com mais freqüência em mulheres que utilizam o Dispositivo Intra-Uterino (DIU) ou fizeram ligação de trompa. "No caso de Vitória, a retirada foi fácil, pois ela estava dentro do saco gestacional e próxima das alças intestinais", frisou a especialista. Gravidez deste tipo costuma registrar altíssimo índice de mortalidade - acrescenta a médica. Que alguma tenha prosseguido até os 8 meses e meio não há registros internacionais. Há relatos de um caso, ocorrido nos Estados Unidos, onde uma criança nasceu nessa situação particular, após sete meses de gestação.