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Bebê que ficou soterrado em Jundiaí tem morte cerebral

Cômodo em que Gustavo Fernandes estava ficou coberto com a terra de um barranco que deslizou por causa da chuva na quinta passada; irmão dele morreu

Por Agencia Estado
Atualização:

O coordenador da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Universitário de Jundiaí, no interior de São Paulo, Maurício Loureiro, diagnosticou na manhã desta quarta-feira, 10, a morte cerebral do bebê Gustavo Henrique Fernandes Catarino, de 6 meses, vítima de soterramento na última quarta-feira. O garoto estava em sua casa, no bairro da Colônia, quando parte do morro que havia atrás da casa deslizou por causa da chuva e caiu sobre a parede do cômodo em que estava Gustavo e um irmão, de 6 anos, que morreu na quinta-feira. Nesta quarta, uma tia dos meninos, Vanusa dos Santos Catarino, informou que os pais da criança, Eliana Fernandes dos Santos e Amador Augusto Catarino, disseram que não pedirão para os médicos desligarem os aparelhos que mantêm em funcionamento os rins e coração do garoto. "Eles vão aguardar a vontade de Deus", disse a cunhada de Amador. Ela informou que os pais da criança não são religiosos, mas não pretendem "antecipar a morte de um filho". A família também não pretende doar os órgãos da criança, informou Vanusa. Segundo informou o Hospital Universitário, por meio de assessoria, o sistema cardiovascular do bebê ainda funciona. Ele permanecia na UTI Pediátrica até o fim da tarde desta quarta. O outro filho do casal de Jundiaí, Carlos Daniel Fernandes, de 6 anos, foi enterrado na última sexta-feira. "Perdi tudo, do pouco que eu tinha", disse Eliana. Jundiaí é mantida sob estado de alerta desde a semana passada, depois da ocorrência. Outras 16 cidades da região de Campinas estão em estado de atenção, embora a chuva tenha cessado ontem. A Defesa Civil Regional registrou 213 ocorrências entre 1º e 8 de janeiro. Estado Dos 67 municípios do interior de São Paulo atingidos pelo excesso de chuvas, pelo menos 30 esperam algum tipo de ajuda dos governos estadual e federal para se recuperar dos estragos. Até a tarde de terça-feira, 418 pessoas estavam em abrigos e 2.236 em casas de familiares ou conhecidos, segundo a Defesa Civil. Cinco prefeituras - Araçatuba, Barretos, Maracaí, Paraguaçu Paulista e Pongaí - tinham decretado situação de emergência e encaminhado, ao governo do Estado, pedido de homologação. Com o reconhecimento da situação de emergência, as prefeituras podem receber recursos e adotar medidas como a contratação de obras sem licitação. Outras três cidades - Mirante do Paranapanema, Álvares Machado e Presidente Bernardes - decretaram situação de emergência, mas até esta terça a documentação não tinha sido recebida pela Defesa Civil estadual. Em todos os municípios, as enchentes destruíram pontes e estradas vicinais. Em Mirante do Paranapanema, o distrito Costa Machado ficou isolado. A prefeitura de Álvares Machado iniciou a contratação de frentes de trabalho para recuperar seis pontes que ruíram. O prefeito Luis Katsutani (PSDB) estimou o prejuízo em R$ 5 milhões. No município de Paraguaçu Paulista, parte da população continuava sem água depois que o rompimento de uma represa afetou o sistema de abastecimento da cidade. Bairros rurais estavam ilhados e acessos às cidades vizinhas continuavam interrompidos. Em Maracaí, também atingida pelas águas da represa, 260 pessoas continuam desalojadas. Apesar da melhora no tempo, ainda havia bairros alagados em Tatuí. No distrito de Americana, mais de 100 pessoas continuavam abrigadas em casas de parentes. Em Pereiras, sitiantes tentavam resgatar o gado que tinha ficado ilhado pela enchente do Ribeirão das Conchas. Esta matéria foi alterada às 19h50 para acréscimo de informações.

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