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Beija-Flor peca na evolução e aposta no carisma do rei Roberto Carlos

Por Roberta Pennafort
Atualização:

A Beija-Flor fechou o carnaval do Rio de Janeiro com um desfile que se apoiou no carisma de seu homenageado, Roberto Carlos, saudado como “o cantor mais popular do Brasil”, e na disposição dos seus componentes, que cantaram com entusiasmo “a simplicidade de um rei”. No entanto, a escola pecou num de seus trunfos: a evolução. A agremiação deixou buracos em pelo menos dois setores.

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As alas e os carros alegóricos simbolizavam fases da vida e da carreira de Roberto Carlos, desde a infância, em Cachoeiro do Itapemirim (ES), em que foram lembradas a vida simples e a relação com a mãe, Lady Laura, até o estrelato, culminando com sua religiosidade. O cantor desfilou no último carro alegórico, à frente da imagem de Jesus Cristo e vestia roupa diferente da que usou em 1987, quando foi enredo da Unidos do Cabuçu. Dessa vez, Roberto Carlos usou uma camisa azul com calça branca, as cores da Beija-Flor, enquanto na Cabuçu estava de terno branco.

Antes do início do desfile, havia comentado sobre o nervosismo. “Cantar é fácil, subir no carro é outra coisa. Estou até tremendo”, disse. Roberto havia assistido aos desfiles deste domingo em seu camarote, na Sapucaí, na companhia de amigos, parentes e do presidente da Nestlé, Ivan Zurita. A empresa patrocinou a Beija-Flor com R$ 2 milhões.

“Um milhão de amigos” desfilaram em carros que simbolizavam a Jovem Guarda (Erasmo Carlos, Aguinaldo Timóteo), as mulheres que o cantaram (Hebe, Rosemary, Alcione) e o flerte com o sertanejo (Chitãozinho e Xororó, Paula Fernandes).

O intérprete do samba da Beija-Flor, Neguinho da Beija-Flor, disse, na concentração, que sonhou com a participação de Roberto Carlos ajudando a puxar o samba. Mas “seria querer demais. Ficaria muito confuso, ele estar no início e no fim do desfile”, afirmou.

Para ganhar o público, a Beija-Flor distribuiu rosas vermelhas (artificiais) e os chapéus de comandante da bateria, fantasiada como Roberto Carlos em seu cruzeiro anual.

Ficou a sensação de que a Beija-Flor poderia ter feito melhor, apostado mais. Mas não há quem possa negar que a escola que venceu cinco campeonatos nos últimos dez anos tem seu selo de qualidade: os carros bem acabados, luxuosos, e as fantasias executadas com capricho.

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Sabotagem? A agremiação começou seu desfile com atraso por causa da pista escorregadia da Sapucaí. Organizadores precisaram jogar serragem e varrer toda a extensão antes do desfile. Além da chuva, que provocou inúmeras quedas nas outras escolas, integrantes da Beija-Flor criticaram a Porto da Pedra e insinuaram que a escola rival havia jogada óleo na pista em seu último carro justamente para prejudicar o desfile.

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