PUBLICIDADE

Beira-Mar em SP é "emergência", diz Alckmin

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse, nesta quinta-feira, que a transferência do traficante Fernandinho Beira-Mar para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, atende a "uma situação de emergência". Segundo o governador, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, telefonou para ele, "em nome do governo federal", duas vezes, solicitando uma vaga para Beira-Mar na prisão paulista. Alckmin concedeu a seguinte entrevista ao Estado, nesta quinta-feira, após reunião - oficialmente denominada "visita de cortesia" - com o procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey. Estado - O que faz um governador importar um traficante internacional para seu Estado? Alckmin - É uma situação de emergência. O ministro da Justiça nos pediu para que, durante 30 dias, num momento de emergência, pela gravidade da situação no Rio, e considerando que São Paulo tem a penitenciária mais segura do País, que déssemos essa colaboração. Acho que é nosso dever ajudar nessas situações de emergência e temos todas as condições de mantê-lo (Beira-Mar) durante esse período. Depois, o governo federal lhe dará outro destino. Estado - O senhor não teme um pesado ônus político? Alckmin - O governo tem de agir com responsabilidade. Eu acho que seria irresponsável não ser solidário nesse momento de dificuldade com um Estado vizinho. O Rio atravessa uma situação muito difícil. Ao mesmo tempo, seria irresponsável não atender ao apelo do governo federal, que não tem penitenciária de segurança máxima, ainda. Há dois anos, estamos colocando a necessidade de construção de penitenciária federal desse tipo. Além disso, a permanência (do traficante) será por um período curto. A penitenciária de Presidente Bernardes é mesmo de segurança máxima, para presos de alta periculosidade. Estado - São Paulo já não tem bandidos o suficiente? Alckmin - Tem. Mas não é correto não ajudar o governo de outro Estado e o governo federal neste momento. Não seria uma atitude responsável. Não estou preocupado com questões políticas. Um governante tem responsabilidade com o bem-comum; isso não tem fronteira. No estado democrático, o combate ao crime organizado é dever de todos. Estado - O Rio vai dar algo em troca para São Paulo? Alckmin - Não exigimos nada em troca, vamos ajudar. Aliás, já nos ajudaram no passado, quando tiramos da Casa de Detenção a cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital). Mandamos todos para o Rio Grande do Sul, que recebeu nossos presos sem nada exigir. Não admitiria (a permanência de Beira-Mar) em caráter definitivo, porque não é preso nosso. Em hipótese alguma. Mas por 30 dias podemos colaborar. Isso foi tratado com o ministro da Justiça. Ele pediu. A população (de Presidente Bernardes) deve saber que São Paulo tem a penitenciária mais segura do País e entender a gravidade da situação no Rio e a dificuldade por que passa o Estado vizinho, a ausência de penitenciária federal, e a possibilidade de ajudar. Estado - Isso não é demonstração de que a governadora do Rio não tem autoridade? Alckmin - Não vou fazer críticas ao governante de outro Estado. A situação é grave no Rio. Estado - Por que chegou a esse ponto? Alckmin - Não vou ficar me imiscuindo em assuntos internos de outro Estado. Acho que o Rio deve saber como encaminhar seus problemas. Disse ao ministro da Justiça que estamos à disposição. Coloquei à disposição a Academia de Polícia de São Paulo e nosso serviço de inteligência, até porque essa coisa do crime não tem fronteira. Isso atrapalha todos. Mas tenho a impressão de que (a transferência de Beira-Mar) aliviará a situação, ajudará a reduzir a tensão, até passar a crise. O governo federal vai construir penitenciária de segurança máxima porque isso precisa ser feito, exatamente para esses casos. Veja o especial:

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.