Beira-Mar foi preso na selva colombiana

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Por Agencia Estado
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Preso em 21 de abril de 2001, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de 35 anos, estava foragido havia quatro anos até ser encontrado na selva colombiana, a cerca de 600 quilômetros de Bogotá. Beira-Mar foi condenado duas vezes pela Justiça brasileira a 12 anos de prisão, por tráfico de drogas, e é acusado de outros crimes, como homicídio. A primeira condenação ocorreu no início da década de 90, em Cabo Frio, no litoral do Estado. Na ocasião, ele estava foragido, mas foi preso em junho de 1996, em Belo Horizonte, com quatro quilos de cocaína, e condenado novamente a 12 anos. Em março de 1997, porém, ele conseguiu fugir da carceragem do Departamento Estadual de Operações Especiais da Polícia Civil de Minas, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Além das duas condenações, o traficante responde a dois processos no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: por tráfico de drogas, na 3ª Vara Criminal, e homicídio triplamente qualificado, na 4ª Vara. Este processo foi instaurado após a divulgação, pela Polícia Federal, de uma gravação em que Beira-Mar supostamente comandava, por telefone celular, a tortura e o assassinato de um rapaz que teria sido amante de uma ex-companheira sua. Na 3ª Central de Inquéritos do Ministério Público do Estado do Rio há processos contra 42 pessoas acusadas de serem cúmplices de Beira-Mar. Quinze já foram condenadas - entre elas a ex-mulher do traficante, Alda Inês dos Anjos Oliveira, e a irmã dele, Alessandra da Costa, que tiveram pena de quatro anos e seis meses de prisão - e 27 estão presas. Todos os bens em nome do traficante e dos acusados de pertencerem à quadrilha, incluindo 60 imóveis, foram seqüestrados pela Justiça, a pedido do Ministério Público. Ele também é acusado de tráfico internacional de armas, que seriam fornecidas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em troca de cocaína. Em entrevista concedida ainda na Colômbia, no dia seguinte ao da prisão, ele negou ter ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). No entanto, há informações de que homens da guerrilha faziam a segurança do traficante na Colômbia. "Estava vivendo aqui como camponês", alegou o traficante na ocasião, em resposta às acusações de que venderia armas para os guerrilheiros. A prisão do traficante foi precedida pela desarticulação da Força-Tarefa criada para encontrá-lo. O motivo foi a troca de acusações entre o secretário da Segurança Pública do Rio, coronel Josias Quintal, e o diretor da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal, delegado Getúlio Bezerra, que integravam o grupo. Os dois se reuniram apenas uma vez desde a criação da Força-Tarefa, em 1999. A relação ficou ainda mais estremecida com o vazamento de informações contidas em cadernos que pertenceriam a Beira-Mar - com telefones de pessoas ligadas a ele, sua contabilidade e relatos de atividades -, apreendidos pela polícia colombiana. Na ocasião, Bezerra declarou que a agenda seria "valiosa nas mãos de pessoas inescrupulosas". Quintal reagiu criticando a "morosidade" da PF e alegando que as autoridades colombianas só começaram a caçar o traficante depois que ele foi ao País com uma equipe da secretaria fluminense.

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