23 de novembro de 2010 | 19h23
RIO - A Secretaria de Segurança do Rio acredita que a prisão dos dois homens e dois menores flagrados colocando bombas em carros estacionados em Copacabana comprova que os atentados foram autorizados pelo traficante Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, presos na Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do Paraná. "Ações desta natureza aqui não aconteceriam sem a aquiescência destas pessoas", disse ontem o secretário José Mariano Beltrame.
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Em outubro, os agentes do presídio federal apreenderam cartas endereçadas aos dois líderes do Comando Vermelho (CV) com relatos das dificuldades que a facção está passando em favelas do Rio com a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas em 13 morros. Os relatos falam, de forma genérica, na necessidade de ataque às UPPs.
No fim do mês, o Estado noticiou a apreensão de outra correspondência endereçada a Marcinho VP em nome de um homem identificado como Felipe. Na carta, o remetente falava da disposição de bandidos nas favelas de resistir às UPPs. Ele pedia autorização do líder do CV para atacar autoridades e até assassinar um representante de uma organização não governamental. A polícia do Rio investiga se além dos traficantes do CV, a facção rival Amigos dos Amigos (ADA)estaria participando dos ataques na cidade.
Para o promotor Alexandre Murilo Graça, que atua pelo Ministério Público junto aos inquéritos da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), porém, os recentes ataques não têm ligação direta com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Ele avalia que os chefes do tráfico estão insatisfeitos com ações sofridas em presídios federais.
"As ações estão sendo lideradas por chefes do Comando Vermelho que estariam insatisfeitos com restrições impostas dentro dos presídios federais em que estão presos. Não é toda facção que está envolvida, mas um grupo menor de dissidentes que resolveu chamar a atenção.", afirmou.
Segundo Graça, os ataques estão mais relacionados aos presos insatisfeitos que às UPPs. "O tráfico não acabou nas áreas de UPP. Os traficantes continuam lucrando com a venda de drogas. Diminuiu, mas não a ponto de terminar com o negócio. O que acabou, sim, foi o domínio armado sobre os territórios. Acabou a influência dos traficantes sobre a favela, mas essa perda não é a motivação para esses ataques.", disse.
Catanduvas. O juiz federal da 3ª Vara Criminal de Curitiba, Nivaldo Brunoni, corregedor dos presídios naquele estado, garantiu hoje que nenhuma informação foi levantada oficialmente através de investigações comprovando que tenha saído de Catanduvas, onde estão recolhidos presos fluminenses, ordens para os ataques.
O juiz, porém, explica que não pode garantir que não houve ordem porque mesmo Marcinho VP e My Thor, que estão trancados em Regime Disciplina Diferenciados (RDD), continuam tendo o direito a visitas íntimas, como lhes garante a lei. Nestes encontros, segundo ele, não há como controlar o repasse de recados ou ordens para os presos.
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