Beltrame não descarta usar Exército para reocupar Complexo do Alemão

Nesta segunda-feira, uma operação foi realizada no local para cumprir 14 mandados de prisão contra suspeitos de ataques a policiais

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - Diante do recrudescimento da violência do tráfico nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, o secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, disse que não descarta a possibilidade de pedir ajuda ao Exército para reocupar o território. A Força de Pacificação do Exército permaneceu nos dois conjuntos de favelas até meados de 2012, quando foram inauguradas oito Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região.

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Considerado o quartel-general do Comando Vermelho, os complexos do Alemão e da Penha foram invadidos pelas forças de segurança em novembro de 2010, após uma onda de ataques a ônibus e postos policiais que levou pânico à cidade. Nesta segunda-feira, 10, uma operação da Polícia Civil prendeu oito suspeitos de participação nos ataques à UPP Nova Brasília, à 45ª Delegacia de Polícia (em janeiro) e ao policial Rodrigo Paes Leme, de 33 anos, que foi morto na semana passada.

Enquanto as Forças Armadas atuaram no local, eram raros os episódios de violência e tiroteios com traficantes. No entanto, dois incidentes envolvendo militares que participavam da Força de Pacificação causaram desconforto nas autoridades: o sumiço de um fuzil do Exército, e o furto de uma chopeira e dos aparelhos de ar-condicionado das casas de dois moradores da favela.

No primeiro caso, o Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pelo Exército para apurar o caso foi arquivado pela Justiça Militar em junho do ano passado, atendendo parecer do Ministério Público Militar (MPM). E no segundo episódio, conforme o Estado noticiou em julho de 2012, o primeiro-tenente Luiz Octávio de Goes Freitas foi o único acusado do crime. Ao Estado, o advogado do oficial disse que os objetos foram achados, e não furtados. O processo tramita na 4ª Auditoria da Justiça Militar no Rio. O militar responde em liberdade. A próxima audiência está marcada para 13 de maio, quando será ouvida uma testemunha da acusação.

Operação no Alemão. O objetivo da incursão desta segunda-feira, 10, era cumprir 14 mandados de prisão temporária contra suspeitos dos atentados à UPP Nova Brasília e à 45ª DP, ocorridos entre a noite de 28 de janeiro e a madrugada seguinte, e do ataque que resultou na morte do soldado Paes Leme na última quinta-feira, 6. Desde o início do programa de pacificação, em dezembro de 2008, dez PMs foram mortos em serviço em favelas com UPPs.

Entre os presos, está o segurança de uma estação do teleférico do Complexo do Alemão. Morador da comunidade, Marcondes Gomes de Oliveira era funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviço à SuperVia, concessionária que opera o teleférico. Ele seria "olheiro" do tráfico, isto é, repassava aos criminosos informações sobre a movimentação da polícia na favela. Com ele, foi encontrado um celular com várias mensagens de traficantes fazendo perguntas sobre a operação desta segunda-feira no local.

Também foram presos Paulo Philipp Alves da Silva, o Filipinho, "gerente" da venda de drogas na localidade conhecida como Praça do Terço; Kleyton da Rocha Afonso, "gerente" da localidade Chuveirinho; Halan Marcilio Gonçalves, Cesar Silva Lima, o Cesinha; e Vinicius Cruz Macedo. Além dos adultos, dois menores foram apreendidos.

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Entre os foragidos está Eduardo Fernandes de Oliveira, conhecido como 2D, que seria o atual chefe das bocas de fumo no Alemão.

"A operação desta segunda-feira, 10, foi um desdobramento da realizada no dia 12 de fevereiro, quando prendemos 16 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha suspeitas de envolvimento nos ataques. A investigação vai continuar e em breve serão realizadas novas incursões para prendermos traficantes", afirmou o delegado Felipe Curi, da 45ª DP.

Mortes de PMs. O delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios, declarou que o autor dos disparos que mataram o soldado Rodrigo Paes Leme na Favela Nova Brasília já foi identificado. Igor Cristiano Santos de Freitas, o Salgadinho, de 26 anos, não foi localizado nesta segunda-feira, 10, e é considerado foragido.

Barbosa disse ainda que o assassinato da soldado Alda Rafael Castilho, de 26 anos, lotada na UPP Parque Proletário, no Complexo da Penha, também já foi elucidado. O crime ocorreu no dia 2 de fevereiro. "Os três envolvidos neste crime já estão identificados e com a prisão decretada. São dois adultos e um menor. Vamos continuar as operações para prendê-los", prometeu.

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