PUBLICIDADE

Beltrame nega falta de controle no Rio

Secretário admite que o número de mortos pela polícia cresceu, mas ressalta queda nos homicídios

Por Marcia Vieira
Atualização:

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, tem vivido os piores dias desde que assumiu o cargo, há um ano e meio. As ações da Polícia Militar que levaram à morte de três inocentes, incluindo um menino de 3 anos, provocaram críticas à política de segurança. Acusaram até o governo de dar ordens à PM para atirar primeiro, sem se importar com as vítimas. Beltrame rebate. "Ninguém na secretaria deseja a morte de pessoas, seja inocente, policial ou criminoso", disse na sexta-feira, por e-mail, ao Estado. "Traficantes descem do morro com fuzis dispostos a tudo ou nada. Quem afronta a sociedade?" Para o secretário, política de segurança não é dar tiros para matar, é reconstruir as polícias abandonadas ao longo dos anos. "Se tivesse sido feito algo efetivo lá atrás não estaríamos nessa situação." Ele não concorda com as críticas de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e algumas ONGs contra sua política. "Gostaria de saber quem tem procuração para responder pela sociedade. A OAB, que tem posição ideológica? Especialistas que dão entrevistas? Manchetes durante as crises? Precisamos saber se a sociedade está contra. Não é a impressão que tenho." Beltrame lamenta as mortes. "São um fardo muito pesado. Precisamos mudar a cultura da polícia. Mas leva tempo." Ele também ataca os especialistas em segurança. "Tem especialistas que usam de má fé. Compare a redução de homicídios e o aumento dos autos de resistência. Estatisticamente morre menos gente do que em anos anteriores. Houve queda de homicídios de 18% em março e em abril. Sei que em maio vai ser por volta de 10%. Isso sobre uma base 500 homicídios/mês resulta numa queda de 50 mortes." O secretário admite que o número de mortos em confronto com a polícia está subindo. "Isso preocupa, mas isso representa mais 10 ou 15 mortes numa base de 130 por mês. Veja bem, estou falando de números. O ideal é que isso tudo fosse zero. Roubo de carro vem caindo vertiginosamente. Isso tem a ver com a prisão de quadrilhas grandes. Copacabana teve três roubos de carro em maio e quatro em junho. Se alguém insinua que o Rio está fora do controle, age de má fé." Beltrame insiste que não defende PMs que agem de forma errada. Segundo ele, 350 já foram demitidos. "Se precisar vão outros 350. Eu defendo as instituições porque a sociedade precisa delas. A gente tem o dever de aprimorá-las, mas não vamos achincalhar porque isso não é solução." Beltrame diz que ficou especialmente abatido com a morte de João Roberto Soares, de 3 anos, quando dois PMs fuzilaram o carro da mãe pensando que se tratava de bandidos. "Trabalhamos para melhorar o quadro e há situações que fogem do controle. Herdamos uma situação muito precária, estamos ajeitando. A sociedade ficou chocada, assim como nós. Mas não se pode dizer que ela está contra todo o trabalho de um ano e meio."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.