Benedita nega criação de Força Tarefa contra o crime

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Por Agencia Estado
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A governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), negou nesta quinta-feira que esteja negociando a criação de uma Força Tarefa, que reuniria as Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias estaduais para combater o crime organizado ou investigar o atentado contra a secretaria de Direitos Humanos, ocorrido na noite de terça-feira. Representantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha se reuniram hoje com a governadora no Palácio Guanabara, mas Benedita definiu o encontro como uma visita de cortesia. Ao lado dos comandantes, adiantou que as forças militares federais atuarão apenas na área social, absorvendo e ampliando programas do Estado. O secretário da Segurança Pública, Roberto Aguiar, disse que só soube hoje da disposição do governo federal de criar a Força Tarefa. Para ele, o papel das Forças Armadas deve se limitar ao apoio logístico-tecnológico e de treinamento. Aguiar disse também que a Polícia Federal deve investigar apenas os crimes federais, o que não incluiria o atentado. De acordo com o secretário, a criação da Força Tarefa depende de negociações e só acontecerá se as ações ficarem sob sua responsabilidade. ?Vamos discutir com o ministro a Força Tarefa, cujo desenho para mim ainda não é claro?, afirmou Aguiar. Ele disse não acreditar que o governo federal esteja disposto a criar um organismo para atuar na questão da segurança pública sob ordens da superintendência da PF. ?A gente agradece a solidariedade. Não há nenhum jogo de poder. Digo com toda a seriedade que a PF não vai fazer a segurança do Rio. Isso é indevido, é uma invasão federativa. Nem olho, porque é inconstitucional?, declarou o secretário. O superintendente da Polícia Federal no Rio, Marcelo Itagiba, disse que as investigações conjuntas sobre o atentado na Secretaria de Direitos Humanos já começaram e que já ele já pediu uma audiência com a governadora para discutir o assunto. Itagiba não quis dar detalhes da investigação, mas disse que a PF poderá ajudar a buscar informações em outros Estados para ajudar a polícia carioca na investigação das possíveis ligações entre facções criminosas do Rio com as de São Paulo. "Temos que agir juntas e começar a prender essas quadrilhas armadas porque a população civil está no fogo cruzado." Segundo ele, foi o próprio ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, quem ofereceu à Benedita ajuda da Polícia Federal . "Foi o ministro que telefonou para a governadora oferecendo ajuda." Na entrevista, o superintendente da PF sugeriu a criação de uma força-tarefa das polícias e das Forças Armadas contra o crime no Rio. Ele disse que vai enviar documentos às polícias sugerindo a força-tarefa. "Só um trabalho conjunto poderá conseguir combater o crime organizado. Nem no Oriente Médio você encontra uma enfrentamento tão forte como o que ocorre aqui", disse. Ele disse que as ações têm que ser coordenadas e atingir as diferentes áreas do crime, do tráfico de drogas ao roubo e venda ilegal de armamentos pesados. Hoje, a segurança na sede da Secretaria de Direitos Humanos foi reforçada. O estacionamento de carros em frente ao prédio foi proibido e nenhum veículo particular pôde entrar no edifício. Na madrugada, policiais do Batalhão de Operações Especiais fizeram incursões no Morro da Providência, no Centro, e no da Coroa, na zona sul. Havia a informação de que os criminosos que cometeram o atentado estariam escondidos nessas favelas. Houve intensa troca de tiros, mas ninguém foi preso. O cabo bombeiro Sidnei Saldanha Rodestolado, que foi ferido por um tiro de fuzil no atentado, está fora de perigo. Ele foi transferido da CTI para a enfermaria masculina do Hospital Central do Corpo de Bombeiros. Pessoa é segurança da secretária de Direitos Humanos, Wania Sant´Anna, e estava no térreo do prédio quando foi atingido por um tiro no ombro.

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