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Bento XVI nega ser coautor de livro que defende celibato de padres

Segundo secretário pessoal, papa emérito sabia da obra, mas não autorizou que fosse colocado como um dos autores

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Por Redação
Atualização:

CIDADE DO VATICANO - O papa emérito Bento XVI pediu a retirada de sua assinatura de um livro do cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino, que define o celibato como "indispensável" para a Igreja Católica.

Dois papas.Bento XVI cumprimenta Francisco no Vaticano, em maio de 2013 Foto: Osservatore Romano/AP

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O livro se chama Des profondeurs de nos coeurs (Das profundezas de nossos corações, em tradução livre) e exibe na capa as fotos e os nomes de Bento XVI e Sarah. Alguns trechos divulgados antecipadamente foram interpretados como uma pressão para o papa Francisco não autorizar a ordenação de homens casados na Amazônia.

Em declaração à agência de notícias italiana Ansa nesta terça-feira, 14, o secretário pessoal de Joseph Ratzinger, monsenhor Georg Gänswein, disse que o papa emérito sabia do livro, mas não que ele seria incluído como coautor.

"O papa emérito sabia que o cardeal preparava um livro e tinha enviado um texto seu sobre o sacerdócio, autorizando-o a fazer o uso que quisesse. Mas não tinha aprovado qualquer projeto para um livro com dois autores nem autorizado a capa", afirmou Gänswein, que classificou o episódio como um "mal-entendido". "Posso confirmar que, nesta manhã, sob indicação do papa emérito, pedi para o cardeal Robert Sarah contatar os editores do livro e pedir-lhes para tirar o nome de Bento XVI como coautor e sua assinatura da introdução e das conclusões", contou o monsenhor.

(Bento XVI) não tinha aprovado qualquer projeto para um livro com dois autores nem autorizado a capa

monsenhor Georg Gänswein, secretário pessoal de Joseph Ratzinger

Horas antes, Sarah havia feito uma reconstrução diferente e dito que Ratzinger sabia que o projeto "tomaria a forma de um livro" e que eles chegaram a "trocar rascunhos" para "fazer correções".

De acordo com o cardeal, o texto enviado por Bento XVI era "muito longo para ser um artigo". 

"Então, propus imediatamente ao papa emérito o lançamento de um livro", disse Sarah.

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Segundo ele, Ratzinger afirmou, explicitamente: "Da minha parte, estou de acordo que o texto seja publicado da forma que você quer".

Após o pronunciamento de Gänswein, o cardeal declarou que a nova assinatura do livro será "Cardeal Sarah com a contribuição de Bento XVI", mas que o texto não será alterado.

A polêmica

Algumas passagens do livro atribuídas a Ratzinger dizem que a "impossibilidade de uma ligação matrimonial" nasce da "celebração cotidiana da eucaristia, o que implica um serviço permanente a Deus", e que "não é possível" conciliar o casamento com a "vocação sacerdotal".

A divulgação dos trechos repercutiu na Igreja Católica, já que Francisco trabalha atualmente em uma exortação apostólica sobre as propostas do Sínodo da Amazônia.

O relatório final da reunião episcopal, realizada em outubro, sugere que homens casados, com liderança reconhecida pela comunidade e preferivelmente indígenas, sejam ordenados na Amazônia para administrar os sacramentos.

A ideia seria uma forma de combater a escassez de padres na floresta, o que abre espaço para o avanço de igrejas neopentecostais e impede que fiéis recebam a comunhão com regularidade. /ANSA

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