Beth Carvalho pensa em deixar de desfilar pela Mangueira

A cantora foi expulsa do carro dos baluartes minutos antes de entrar na avenida

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Beth Carvalho pensa em deixar definitivamente de desfilar pela Estação Primeira de Mangueira, escola de seu coração há mais de três décadas. Na madrugada de domingo para a segunda, a artista foi expulsa do carro dos baluartes, minutos antes de entrar na avenida. Segundo a cantora, até o final da tarde desta segunda-feira nenhum membro da diretoria da escola havia procurado por ela para pedir desculpas nem para falar sobre o ocorrido. "Há essa possibilidade (de não desfilar mais pela escola). É a escola do meu coração. Mas eu só quero bem a quem me quer bem", afirmou Beth, que desfila na escola Verde e Rosa há 36 anos. A artista culpa a diretoria da escola, segundo ela, "inábil e desrespeitosa" pelo ocorrido. Mas considerou que seu apreço pelo estandarte verde e rosa é mais forte do que os seus desafetos entre alguns integrantes na escola. "Foi o ato mais violento que eu já sofri", disse, afirmando que alguns diretores não gostam dela porque ela teria muita "autonomia". "Mas diretorias passam. E a Mangueira fica", afirmou. Incidente e/ou desencontro Logo após o incidente, o presidente da Mangueira, Percival Pires, disse que não pretende pedir desculpas à cantora. Inicialmente, Percival disse que houve apenas um desencontro na concentração. Ao ser informado que Beth foi retirada do carro por Raymundo de Castro, um dos 22 baluartes da escola, o presidente disse que ainda ia se "inteirar" do assunto. "A Beth deve ter os problemas dela. Mas eu quero lembrar que desde que começou todo esse tititi, eu só falei com a Beth ontem à noite e por telefone. Ainda não estive pessoalmente com ela". O carnavalesco Max Lopes foi mais direto: "Não posso tirar de carro alegórico uma pessoa que pagou uma fantasia caríssima para desfilar. A Beth tinha que combinar antes. E se ela estava com dor na coluna, por que foi cantar no carnaval baiano?", indagou. Mais calmo, Raymundo de Castro, de 77 anos, disse que não queria impedir a cantora de desfilar. "Ela que fosse em outro carro. Se não desfilou, não foi problema meu". Ele explicou que seu destempero na concentração (por pouco ele não agrediu o integrante da diretoria que tentava colocar Beth no carro) foi fruto da emoção. "Não tenho nada contra a Beth. Mas carro dos baluartes é para os baluartes", afirmou. E finalizou: "Quem quer se promover inventa qualquer doença". É como expulsar São Jorge da Lua A briga entre a cantora e a escola foi lamentada por mangueirenses famosos. O compositor de MPB e parceiro de Aldir Blanc, Moacyr Luz, considerou "uma tragédia" o incidente. "Foi um constrangimento, um mal-estar terrível. Porque são duas entidades do samba, a Mangueira e a Beth Carvalho", considerou. Por sua vez, o ator e ex-vereador Stepan Nercessian ficou indignado com o ocorrido. "Expulsar a Beth da Mangueira é como expulsar São Jorge da Lua. É como eu, que sou botafoguense, ser expulso da arquibancada no jogo do meu time", comparou. Já o ex-craque do Flamengo, Júnior, preferiu adotar uma postura conciliadora. "Eu só posso entender isso como um grande mal-entendido. Desde que me conheço por gente, a imagem da Beth sempre foi integrada à da escola", disse. Na avaliação do atleta, Beth e Mangueira deviam "sentar e conversar" para esclarecer o assunto o mais rápido possível.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.