Bispo envia a Roma processo de beatificação de Irmã Lúcia

Ela foi uma das três crianças que assistiram às aparições de Nossa Senhora em Fátima, em maio de 1917

PUBLICIDADE

Por José Maria Mayrink
Atualização:

O bispo de Coimbra, em Portugal, concluiu e enviou para Roma, segunda-feira, 13, o processo diocesano da beatificação e canonização de Irmã Lúcia de Jesus, um dos três videntes das aparições de Nossa Senhora, em maio de 1917. Os outros videntes, seus primos Jacinta e Francisco, foram beatificados em 2000 pelo papa João Paulo II e podem ser canonizados este ano pelo papa Francisco, em sua viagem a Fátima, quando se comemorará o centenário das aparições.

PUBLICIDADE

"O processo dos beatos Francisco e Jacinta está atingindo a fase final, mas não sabemos se haverá tempo para a canonização em 13 de maio, decisão que depende do papa", informou por telefone ao Estado a diretora do Centro de Comunicação do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia. Também a beatificação de Irmã Lúcia, etapa anterior à canonização, depende de prazo para exame do processo na Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano. 

A cerimônia de encerramento do processo de Irmã Lúcia foi celebrada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde ela viveu 57 anos como freira carmelita. Irmã Lúcia morreu aos 98 anos em 2005 e seu corpo foi sepultado no ano seguinte, no Santuário de Fátima. O processo de beatificação e canonização iniciou-se em 2008, dois anos antes do prazo de cinco anos após a morte, por decisão do papa Bento XVI. É um processo complexo, de mais de 15.483 mil páginas, que na fase diocesana ouviu 61 testemunhas.

Irmã Lúcia transmitiu a vários papas, de Pio XI a João Paulo II, as mensagens conhecidas como segredos de Fátima, que ela, Jacinta e Francisco ouviram na Cova da Iria da "Senhora vestida de branco, com uma luz mais brilhante que o Sol", nas aparições iniciadas em 13 de maio de 1917.

Conforme relatos dos videntes, os três pastorzinhos, a Virgem Maria permitiu-lhes ter uma visão do inferno, convidou a ter devoção ao Coração Imaculado de Maria e lhes fez revelações sobre a expansão dos "erros" da Rússia, perseguições à Igreja, previsão da II Guerra Mundial, conversão da Rússia e triunfo do Imaculado Coração de Maria.

A revelação do terceiro segredo, que se referia ao sofrimento de um bispo vestido de branco (o papa), foi interpretada como uma alusão ao atentado contra João Paulo II, em 13 de maio de 1981, entre outras interpretações, algumas apocalípticas. Encarregado de divulgar a mensagem, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa emérito Bento XVI, afirmou que o texto entregue por Irmã Lúcia tinha um sentido simbólico, ao se referir ao sofrimento do papa e da Igreja.

A eventual canonização de Jacinta e Francisco no dia da comemoração do centenário das aparições, quando o papa estará Fátima, poderia ser anunciada até o começo de março, na publicação do programa da visita. De acordo com roteiro preliminar, divulgado na semana passada pela Rádio Renascença, em Portugal, Francisco permanecerá menos de 24 horas em Fátima. Chegará na tarde de 12 de maio à Base Aérea de Monte Real e seguirá de helicóptero para Fátima, onde descerá às 18 horas num campo de  futebol. Seguirá, então, de papamóvel, num percurso de 3 km, até o santuário, para iniciar imediatamente sua programação.

Publicidade

Depois de uma parada na Capelinha das Aparições, onde permanecerá alguns minutos em oração, Francisco se recolherá à Casa Nossa Senhora do Carmo, onde ficará hospedado e fará suas refeições. A noite de 12 de maio será ponto alto das visita, a não ser que haja a canonização no dia seguinte.O papa presidirá a recitação do terço e acompanhará a procissão das velas, mas não participará das celebrações seguintes, que tomarão toda a madrugada. Às 10 horas do dia 13, sábado, celebrará missa na praça do santuário, almoçará com os bispos portugueses e, no meio da tarde, voltará para Roma.

Há uma expectativa de que mais de 1 milhão de peregrinos recebam o papa em Fátima. A entrada da cidade, de 35 mil habitantes, será bloqueada nos dias 12 e 13, para carros e ônibus, que serão estacionados nas vizinhanças. Todos os hotéis e alojamentos em conventos e casas religiosas estão esgotados desde 2015, num raio de 50 km. As poucas vagas que surgem agora custam cerca de R$ 7,5 mil por diária em quartos duplos. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.