Bispo será ouvido em inquérito

Declaração de deputado foi essencial para liberar alvará

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Por Vitor Sorano , Mônica Cardoso e Felipe Grandin
Atualização:

O deputado estadual José Antonio Bruno (DEM), bispo da Renascer, foi convocado pela polícia para prestar depoimento no inquérito sobre o desabamento do teto da sede da igreja. Em 2007, como vice-presidente da instituição, ele assinou uma declaração atestando que as condições de estabilidade e manutenção do imóvel continuavam as mesmas de quando o alvará foi concedido, em 2000. A declaração assinada por Bruno era uma das últimas exigências da Prefeitura para que a Renascer obtivesse a renovação do alvará de funcionamento de local de reunião para o imóvel onde o acidente ocorreu, no Cambuci. Procurado, o deputado não retornou as ligações da reportagem. A Renascer disse que todos os seus representantes se dispõem a colaborar com as investigações. DEMOLIÇÃO Os vizinhos da sede que desabou devem começar a voltar para casa hoje. Oito imóveis estão interditados desde o dia do desabamento. Seis casas devem ser liberadas hoje e outras duas amanhã, segundo a Defesa Civil Municipal. "Agora que a perícia liberou (a área), a obra vai caminhar mais rápido", disse o coordenador, coronel Orlando Camargo. A empresa de demolição Diez retirou ontem os seis pilares que sustentavam o teto da igreja e já reduziu a altura da parede lateral que está ligada a seis casas vizinhas. Com isso, será possível liberar os imóveis. Mas isso só acontecerá após a vistoria de um engenheiro da Prefeitura. As outras duas casas ficam nos fundos do templo. Para que estejam fora de perigo, é preciso reduzir a altura do muro que as separa da igreja. Segundo Camargo, a expectativa é de que isso seja feito até amanhã. "A possibilidade de essa parede atingir as casas é pequena, mas precisamos nos precaver." O laudo do IC deve sair em 30 dias, mas o prazo pode ser prorrogado. Durante a perícia, foram retiradas 8 das 14 tesouras - estruturas que sustentam o telhado. Os peritos as remontaram no estacionamento para descobrir como o desabamento começou e determinar a sequência da queda do teto. Com o risco de queda da parede lateral da Igreja Renascer, cinco famílias que moram na vila da Rua Robertson, 319, se mudaram para um hotel na Vila Mariana, onde ficaram por 13 dias. No domingo à noite, um telegrama colocado por baixo da porta avisou que eles deveriam se mudar para um flat na Aclimação. "Imagino que é por redução de custos", diz a administradora de empresas Maristela Gomes, de 35 anos. Ela conta que não consegue falar com ninguém da Renascer. Maristela liga para os telefones de contatos deixados à disposição dos moradores, mas ninguém atende. Mesmo deixando recado, também não recebe retorno. "Fui à vila ontem e pela primeira vez consegui falar com o advogado da Renascer, que estava acompanhando os policiais da Defesa Civil", diz.

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