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Blindagem governista deixa Orlando confortável na Câmara

Por Eduardo Bresciani , Eugênia Lopes e BRASÍLIA
Atualização:

Protegido pela base aliada e diante de uma plateia de militantes do PC do B, o ministro do Esporte, Orlando Silva, usou a tática de que a melhor defesa é o ataque. Por mais de três horas, chamou as denúncias de que está envolvido em um esquema de desvio de verbas públicas de uma "narrativa falsa, fundada em mentiras e inverdades" e afirmou que vai "até as últimas consequências" para provar sua inocência.Em depoimento a três comissões da Câmara, Orlando Silva chamou de "desqualificado, criminoso e bandido" o policial militar João Dias Ferreira, que presidia uma ONG conveniada para participar do programa Segundo Tempo e acusou o ministro de receber pacote de dinheiro desviado do programa. Ao mesmo tempo em que o ministro falava aos deputados na Câmara, João Dias era ouvido pela oposição na liderança do PSDB no Senado. Os oposicionistas disseram que o militar deu detalhes "estarrecedores" do esquema, mas ele não apresentou nenhuma prova material até o momento. Fascismo. O ministro ressaltou que o policial não apresentou ainda provas sobre as acusações. "Até aqui esse desqualificado falou e não provou. Não provou porque não tem provas. Quem tem provas do malfeito sou eu e estão aqui. Foi tudo encaminhado ao Tribunal de Contas da União." João Dias Ferreira é acusado de desviar recursos de dois convênios com o ministério, ambos sob investigação.Dizendo-se inocente, Orlando afirmou ser vítima de um "tribunal de exceção. "Acusar alguém e não provar, acusar alguém sem o devido processo é fazer um tribunal de exceção. Isso tangencia para o fascismo." A oposição insistiu na aprovação de um requerimento para convocar João Dias a depor. Mas a intenção foi barrada pelos governistas, que aproveitaram para desqualificar as acusações feitas pelo policial. Orlando contou com a "proteção" de líderes de quase todos os partidos da base que se revezaram nos microfones fazendo sua defesa. "A fala de Vossa Excelência aqui encerra este debate. Quero que volte outras vezes para falar da Copa e da Olimpíada", arrematou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP).Ao lado dos deputados da base, alguns tucanos se entusiasmaram na defesa do ministro. Delegado da Polícia Federal, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) destacou não ver culpa nos olhos de Orlando Silva. "Estou acostumado a ouvir bandido e não vi traço de alguém que recebeu pacote de dinheiro." Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi outro que aproveitou sua fala para elogiar a atuação do ministro. "A postura de Vossa Excelência bate com o que espero de um ministro de Estado. Seja pela transparência, seja por sua atitude republicana", disse.

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