Bloco baiano satiriza caso Waldomiro

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Por Agencia Estado
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Reduto dos partidos de esquerda e opositores do PFL baiano, o Bloco Mudança do Garcia cuja característica é desfilar com cartazes e frases satirizando as mazelas do Brasil, decidiu não modificar sua tradição democrática e este ano usou o governo Lula como mote. "Lula não pise na bola que a Mudança te esfola (cadê os empregos?)" avisava e cobrava ao mesmo tempo uma das frases. As promessas de acabar com a fome, criar empregos e melhor a vida do brasileiro, feitas pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva foram um prato cheio para os irreverentes foliões da Mudança do Garcia que desfilou no inicio da tarde de hoje saindo do Bairro do Garcia, próximo ao centro de Salvador. "Fome zero, banditismo zero, doença zero, violência zero, buracos nas estradas zero e orçamento zero", ironizava outro cartaz. Elaboradas por moradores de vários pontos de Salvador as frases são escritas em cartazes afixados em toscas carroças puxadas por cavalos, uma caracterização de blocos de sujos que é uma crítica velada aos grandes blocos do carnaval baiano. O caso do ex-subsecretario da Casa Civil Waldomiro Diniz não foi esquecido: "Waldo Mirô no bicho e acertou no Planalto", brincava uma frase, apoiada em outra sobre o mesmo tema. "Coitado do Zé Dirceu, se ficar o bicho pega, se correr o bicho come", assinalava numa alusão à amizade do ministro da Casa Civil José Dirceu com Diniz. Num determinado momento, os foliões chegaram a ser excessivamente duros com o "capitão" do time de Lula. "Pobre do Zé Dirceu, foi convidar o Waldomiro e se fu...". Uma outra frase reforçava o aviso de que nos próximos carnavais, não se pretende aliviar contra ninguém. "Na Mudança não tem coroado, pisou na bola tá fornicado". Apesar das criticas contra o governo Lula, o bloco continua prestigiado por vários petistas e comunistas. O coordenador estadual do Movimento dos Sem-Terra, Walmir Assunção que foi assistir à saída da Mudança, classificou as manifestações de "legítimas". "Não se pode conceber um governo democrático com um povo que não pode criticar", disse, explicando que a intenção das frases era "acordar Lula". A deputada federal Alice Portugal (PC do B) também não viu nada de mais nas críticas. "É uma manifestação popular de um povo que apóia Lula, mas mantém a luta por mudanças", disse. Ela própria se incluiu nesse segmento. "Estou mantendo o espírito da Mudança do Garcia e da mudança do Brasil". As tradicionais frases contra a classe política brasileira também não faltaram: "Político honesto no Brasil é tratado como disco voador, ninguém acredita mais todos querem ver", dizia a mais ácida. Meio esquecido diante dos problemas do governo Lula, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) não deixou de levar, contudo, sua "porradinha", como disse um dos foliões. "Na Bahia grampo telefônico não é crime, ACM provou isso", lembrava a frase o escândalo dos grampos telefônicos ocorrido no ano passado na Bahia.

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