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Boate Kiss: 'Já perdemos algumas batalhas, mas guerra é grande', diz pai de vítima sobre anulação

Flavio Silva afirma que esperava redução de pena, mas não que júri fosse anulado; segundo ele, familiares podem recorrer da decisão do TJ

Por Paulo Favero
Atualização:

Adrielle Silva tinha 22 anos quando morreu no incêndio da Boate Kiss em janeiro de 2013. Seu pai, Flávio José da Silva, que presidiu a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), recebeu com surpresa a anulação do julgamento que condenou os réus do caso que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. "A gente vem lutando há praticamente dez anos e a gente já perdeu algumas batalhas, mas a guerra é muito grande", afirma. 

Já se esperava uma redução das penas – que variavam entre 18 e 22 anos de prisão –, diz Flávio Silva, mas não a anulação.

Segundo ele, familiares das vítimas do incêndio vão se reorganizar e preveem entrar com recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, se necessário, no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão. 

O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, aconteceu durante um show da banda Gurizada Fandangueira na madrugada de 27 de janeiro de 2013. Foto: Evelson de Freitas/Estadão

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Com a decisão dessa quarta-feira, 3, do Tribunal de Justiça gaúcho, os sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o roadie do grupo musical, Luciano Bonilha, devem ser soltos e passar por novo julgamento. Eles haviam sido condenados no fim do ano passado.

Relembre a tragédia da Boate Kiss

Na madrugada de 27 de janeiro de 2013, de acordo com as investigações, o músico Marcelo de Jesus dos Santos, integrante da banda Gurizada Fandangueira, acendeu um "sputnik" – sinalizador para uso em ambiente externo que solta faíscas brilhantes. As fagulhas atingiram o teto feito de espuma, para o isolamento acústico, acendendo o fogo, que se espalhou rapidamente. 

A queima da espuma também liberou gases tóxicos, como o cianeto, que é letal. Essa fumaça tóxica matou, por sufocamento, a maior parte das vítimas na tragédia. 

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Parte das pessoas foi impedida por seguranças de sair da boate durante a confusão, por ordem de um dos donos, que temia que não pagassem as contas. O local não tinha saídas de emergências adequadas e os extintores de incêndio eram insuficientes e estavam vencidos.

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