Bombeiros analisam causas de incêndios

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Por Agencia Estado
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A maioria dos incêndios na capital cujas causas foram identificadas pelo Corpo de Bombeiros poderia ter sido evitada. No topo da lista das causas mais comuns estão os incêndios provocados e a falta de cuidado ao ligar aparelhos na rede elétrica. Dos 9.981 casos registrados, 1.743 começaram porque as pessoas perderam o controle sobre o fogo que elas próprias iniciaram. Nesses casos incluem-se as fogueiras feitas no quintal para queimar lixo ou folhas e papéis queimados em escritórios e em casa. O conselho dos bombeiros é muito simples para esses casos: não colocar fogo em nada disso. Em segundo lugar nas estatísticas dos bombeiros estão os incêndios provocados por curto-circuito e sobrecarga na rede elétrica. Pelo menos 1.030 casos começaram assim. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Wagner Ferrari, isso se deve principalmente à cultura dos benjamins e extensões. Em casas e apartamentos, é difícil não encontrar esses aparatos em tomadas pelas paredes. O avanço tecnológico leva cada vez mais aparelhos elétricos e eletrônicos para dentro de residências projetadas para épocas onde a quantidade de aparelhos era bem menor. "A idade média dos imóveis na cidade está em torno de 15 e 20 anos", afirma o professor Tadeu Racine Prado, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. "Não foram feitas para essa quantidade de equipamentos." Em 1990, ele comandou uma pesquisa em 65 mil apartamentos populares da Cohab. Já naquele ano, 35,7% das salas tinham benjamins. Nas cozinhas, os conectores foram encontrados em 16,5% dos apartamentos. O problema, segundo Ferrari e Prado, não é o uso dos benjamins, mas o uso de vários aparelhos de potência elevada ao mesmo tempo. O músico Renato Muniz sabe bem disso. Morador de um prédio construído há quase 50 anos, ele liga seus aparelhos, instrumentos elétricos e computador à noite. "Aqui em casa tem horário para tudo", diz. "Lavar roupa é de manhã, depois é que a passamos." O escalonamento preserva os fios e cabos do aquecimento excessivo. "Os condutores não devem passar dos 60 graus", afirma Prado. Nesta temperatura, os fios começam a derreter o isolamento e acabam provocando curto-circuito. Para saber se isso está ocorrendo, basta ver se o fio do aparelho ligado na tomada está quente. Um dos primeiros avisos de que alguma coisa está errada é quando os disjuntores começam a desarmar com freqüência. Trocá-los por outros de corrente mais elevada é o erro principal dos leigos, segundo Prado. "Eles ignoram a função do equipamento." Os disjuntores são calculados para proteger os circuitos de uma sobrecarga.

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