RIO - Liderado por guarda-vidas, o movimento dos bombeiros segue dividido e sem a principal liderança, após a prisão do cabo Benevenuto Daciolo, no sábado. Nesta segunda-feira, 6, em uma reunião tensa, os representantes de 12 associações de classe dos bombeiros tentaram fechar acordo para uma pauta de reivindicações conjunta com os ativistas das manifestações. No entanto, a prioridade dos militantes é a libertação dos 439 presos.
Os dirigentes de entidades insistem em uma campanha pela aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 300, que equipara os vencimentos dos policiais bombeiros de todo o país com os do Distrito Federal. Os representantes de associações dos clubes de soldados, sargentos e oficiais chamam de inexequíveis as propostas dos guarda- vidas, que reivindicam, além da liberdade para os presos, piso salarial de R$ 2 mil e vale transporte.
"Queremos conquistas palpáveis e não uma campanha como a da PEC 300", afirma um dos ativistas do movimento, que escapou do cerco da PM no sábado e prefere não revelar o nome. O movimento dos bombeiros foi iniciado há 3 meses por 30 guarda-vidas por equipamentos, como protetor solar e óculos de sol. As reivindicações foram ignoradas pelo Governo do Rio e pelas associações de classe, que, por conta disso, foram impedidas de se manifestar nas assembleias dos grupamentos marítimos.
No entanto, os bombeiros de combate ao fogo concordaram com a luta pelo piso de R$ 2 mil e aderiram ao movimento. "As associações foram impedidas pelos líderes do movimento de falar nas assembleias nos grupamentos marítimos e na invasão do quartel general, no último sábado. Achamos que as prisões foram arbitrárias, mas preferimos a luta pela PEC 300", justificou o representante da Associação dos Militares Estaduais, coronel reformado do Corpo de Bombeiros, José Carlos Dias.
Já o presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros do Rio, Nilo Guerreiro, abriu a reunião com os representantes dos guarda-vidas, mas preferiu seguir para uma entrevista à uma emissora de TV. "Íamos ajudar o movimento, mas as associações não foram ouvidas", reclamou.
Na reunião desta segunda, os dois representantes dos guarda- vidas escutaram frases dos dirigentes das associações como "neste momento, esqueçam a libertação dos companheiros"; "Vocês não tem experiência em negociações, mas as associações têm"; "Daciolo é um bom rapaz, mas não entende nada de remuneração" ou "Sem as associações, vocês vão continuar acampados na Alerj e os 439 presos."
Em resposta, eles revelaram que já fizeram contato com o novo comandante do Corpo de Bombeiro, coronel Sérgio Simões, para abrir um canal de negociação e vão marcar uma data para a entrega de uma pauta de reivindicações. Em seguida, os dirigentes das associações aceitaram submeter aos guarda-vidas um texto com uma pauta de reivindicações única ao governador do Rio, Sérgio Cabral.