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Bombeiros localizam 3º corpo em Minas

Ainda não é possível saber se trata-se de vítima do rompimento das barragens; governo do Estado recua e diz que também não tem certeza sobre relação de segundo corpo resgatado com acidente

Por Bruno Ribeiro
Atualização:
O governador de Minas, Fernando Pimentel Foto: Márcio Fernandes|Estadão

Atualizado às 14h50.

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Mariana - O comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Luiz Henrique Gualberto, afirmou na manhã deste domingo, dia 8, que um terceiro corpo foi localizado pelas equipes de resgate na região atingida pelo rompimento das barragens da mineradora Samarco, na quinta-feira. Ele foi avistado do alto, próximo à Barragem de Cangonga, no município de Rio Doce, que fica a 100 km de Mariana. Ainda não é possível saber, no entanto, se trata-se de vítima do acidente. Do mesmo modo, o coronel disse que não se pode afirmar que o corpo encontrado no sábado na mesma localidade também tenha relação com a tragédia. 

O governo de Minas, portanto, recuou da informação dada pelo twitter dos bombeiros ontem, na qual a corporação afirmava que tinha encontrado a segunda vítima do acidente. "Desconsiderem o que colocamos no twitter", disse Gualberto. O comandante explicou que, em ambos os casos, apenas após confirmação das identidades é que será possível relacionar os casos ao rompimento das barragens. O terceiro corpo localizado ainda nem foi resgatado. 

O trabalho de identificação será feito no necrotério de Mariana, onde já está o segundo corpo localizado, de um homem. Segundo o delegado regional da Polícia Civil de Ouro Preto, Rodrigo Buscamente, a unidade está preparada para executar o trabalho com agilidade. 

Buscamente disse que, no caso do segundo corpo localizado, já foi colhido material genético e também as impressões digitais. "Os resultados serão comparados com material genético dos familiares dos 28 desaparecidos, que ainda será colhido, para se chegar a uma identificação. "O corpo estava em processo de decomposição", afirmou, o que dificulta o processo. 

Por enquanto, a única vítima confirmada da tragédia é Claudio Fiuza, de 40 anos, que era funcionário da mineradora Samarco. Outras 28 pessoas seguem desaparecidas, entre elas cinco crianças.

Esperança. O trabalho de buscas segue com sete helicópteros e 13 equipes especializadas em salvamento, que atuam por terra. O foco das buscas, em solo, ainda é o distrito de Bento Rodrigues, o mais atingido, onde 500 famílias estão desalojadas. Na manhã deste domingo, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), sobrevoou toda a região para ter dimensão da tragédia. Em entrevista coletiva, o petista afirmou que a prioridade é o trabalho de resgate, mas reconheceu ser muito difícil encontrar sobreviventes, especialmente os 13 funcionários da Samarco.

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"A esperança diminui na medida em que o tempo vai passando", disse o governador, que considera ser "muito difícil" que algum funcionário seja encontrado com vida. Pimentel também comentou sobre a ajuda que o Estado pode dar à população de Mariana. Ele disse que, por enquanto, não recebeu nenhum pedido de ajuda financeira da Prefeitura - nesta manhã, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), passou mal e teve de ser hospitalizado. Ele teria sofrido um princípio de infarte. "Tentei falar com o prefeito hoje, mas infelizmente ele está internado. Mas uma eventual ajuda financeira será avaliada após os trabalhos", completou.

Pimentel afirmou que as causas do rompimento das barragens segue desconhecida e que fez falta realmente o funcionamento de um alarme sonoro para avisar os moradores do risco que corriam, apesar de deixar claro que o equipamento não é exigido pela lei. "Mas essa é certamente uma medida que pode ser estudada para ser adotada no futuro."

Ministra. A ministra dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, visitou moradores do município de Mariana desabrigados após o rompimento das barragens da empresa Samarco. Ela firmou protocolos de atendimento com os órgãos municipais envolvidos na assistência das vítimas do acidente.

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Nilma avaliou que o atendimento prestado às famílias neste primeiro momento está adequado. “O que é preciso é buscar o diálogo com todos os envolvidos neste incidente”, declarou. A ministra visitou a cidade mineira sem conversar com a presidente Dilma Rousseff. Ela disse que o diálogo foi feito por meio do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, que mandou “um abraço” para os moradores da região. 

Água. A Defesa Civil de Minas informou que monitora a água do Rio Doce em 21 municípios do Estado. A medida é necessária porque o rio, que é usado para abastecimento das populações locais, foi atingido pela lama, que hoje deve chegar hoje ao município de Governador Valadares. Por medida de segurança, a capatação do Rio Doce está temporariamente suspensa. 

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