Bombeiros manifestantes continuam presos após invasão do Bope em quartel

Primeiros manifestantes autuados por motim estão sendo enviados à Corregedoria dos Bombeiros

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Por Alfredo Junqueira e Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Entre 300 e 500 bombeiros que participaram na noite desta sexta-feira, 3, e madrugada de hoje da invasão do quartel central da corporação, no Centro do Rio, estão neste momento presos no Batalhão de Choque da Polícia. Os primeiros manifestantes autuados por motim por tomarem o quartel central da corporação estão deixando o batalhão em ônibus da PM, com destino à Corregedoria dos Bombeiros, em Niterói.

 

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A cada ônibus que deixa a unidade, a tensão no local aumenta. A cerca de 20 minutos, um grupo da Polícia Montada, com 17 integrantes, formou uma barreira de isolamento para garantir a saída dos veículos. Soldados da PM, com escudos e capacetes, engrossaram o cordão de isolamento.

 

Já são mais de 100 pessoas que, cantando o Hino Nacional e o Hino dos Bombeiros, tentam neste momento fechar a Rua Frei Caneca. Eles são bombeiros de outros quartéis que participaram ou não da manifestação e parentes dos militares - protesta do lado de fora do quartel pedindo a libertação dos homens, mulheres e até menores que foram detidos.

 

A entrada do Bope no Quartel Central dos Bombeiros ocorreu hoje, por volta das 6 horas. Segundo manifestantes que não foram presos e outras testemunhas, além de armamento não letal, como bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral, a tropa de elite da PM teria disparado balas de fuzil para expulsar os manifestantes de dentro do quartel.

 

Pelo menos cinco crianças foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, ao lado de onde ocorria o protesto, atordoadas e com ferimentos leves. Segundo funcionários do hospital, elas foram acalmadas, medicadas e liberadas em seguida. Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a deputada estadual Janira Rocha (PSOL) passou a madrugada acompanhando o protesto dos bombeiros dentro do quartel e disse que só não houve uma tragédia porque o movimento é pacífico e porque os manifestantes tinham treinamento militar.

 

"Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O Bope invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala. Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia", afirmou a deputada, exibindo cápsulas deflagradas de fuzil e pedaços de bomba de efeito moral. "Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador (Sérgio) Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$ 950 que são pagos a esses homens e mulheres", afirmou.

 

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Membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB também estão na porta do quartel do Batalhão de Choque acompanhando a autuação dos bombeiros. O governador Sérgio Cabral, que convocou coletiva de imprensa para esta manhã está ainda reunido com o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, a procuradora-geral do Estado, Lúcia Lea, e vários secretários de Estado. Ainda não há previsão para o início da entrevista.

 

Notícia atualizada às 11h57.

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