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Box no shopping de Law com preço de Iguatemi

Uma loja custa até US$ 100 mil, mais que nos pontos da feirinha da madrugada, no Brás

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Por Redação
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O Shopping 25 é abafado e apertado. Parece um pardieiro. Só que disputado e caríssimo. Na semana passada, apenas 1 das 1.480 lojas podia ser locada. Trata-se de um box de 5,5 metros quadrados no 1º andar, custando R$ 1.740 de aluguel e US$ 30 mil de luvas - renováveis a cada dois anos. Um espaço no térreo, considerado "a força do movimento", chega a US$ 100 mil pelo ponto e mais R$ 2.500 de aluguel. É quase o mesmo preço de uma loja de serviços no Shopping Iguatemi, o templo do consumo de luxo. Lá, o metro quadrado custa, em média, R$ 420. Quem fatura cerca de R$ 80 milhões por ano com a renda do aluguel e luvas no Shopping 25 é o empresário chinês Law Kin Chong, que já foi apontado pela CPI da Pirataria como o rei do contrabando do País. O empresário, por meio da Calinda, administradora de imóveis, ainda subloca lojas no prédio do Shopping 25 no Brás e no Shopping Mundo Oriental, na região central. "Imagine se alguém aluga um imóvel e começa a traficar droga dentro dele. O proprietário não pode ser responsabilizado pelo crime do locatário. Law Kin Chong atua hoje no ramo imobiliário e não pode ser responsabilizado se os lojistas vendem produtos piratas", diz o advogado Miguel Pereira Neto, que defende o chinês. O preço dos aluguéis nos shoppings populares repletos de muambas indica a força da pirataria e do contrabando na cidade. A Galeria Pagé, de propriedade dos Kherlakians, recebe diariamente cerca 1,5 milhão de clientes. A fila na porta da entrada começa às 5h30. O aluguel de uma loja ali é de até R$ 20 mil. O Estado não obteve retorno da Kher Empreendimentos e Administração, responsável pelo prédio. Atentos ao papel estratégico desses shoppings na distribuição dos contrabandos e pirataria em São Paulo, representantes de marcas contrafeitas entraram com ação contra a Calinda, alegando conivência da administradora do Shopping 25 na venda de muambas. Conseguiu uma decisão favorável dos desembargadores do Tribunal de Justiça estipulando multa diária de R$ 50 mil para quem fosse pego vendendo produtos falsificados das marcas Nike, Oakley e Louis Vuitton. Avisos em chinês e português alertavam os muambeiros para o risco dessa venda. Em meio a esse movimento frenético de muambas, o Shopping da Madrugada, no Brás, uma espécie de camelódromo que deu certo, vem conseguindo diminuir a venda de produtos contrabandeados e falsificados nos seus 4 mil pontos de venda. As fraudes existem, mas a maior parte dos vendedores atua no atacado de confecções. No mercado paralelo, os pontos chegam a valer R$ 150 mil reais. As barracas, espalhadas por 140 mil m² cortado pela linha do trem e cuidadas por 600 funcionários, entre seguranças e serventes, foram concebidas em 2004 para um local de carga e descarga de produtos hortifrutigranjeiros. A GSA, empresa que administrava a área, começou a ser procurada pelos motoristas que paravam nas ruas e passaram a estacionar de graça no local. Foi a chave do sucesso. "As excursões param aqui e compram entre as 2 e 7 horas. Depois, vão para a 25. Revitalizamos o Brás", diz Giovan Ferreira, administrador do shopping.

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