Brasil sobe em ranking de risco de seqüestro

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Por Agencia Estado
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O Brasil está no mesmo nível de risco, no caso dos seqüestros, de países como a Rússia, o México e as Filipinas, os primeiros na estatística mundial. A polícia brasileira vive uma situação de "penúria" sem recursos para enfrentar este tipo de crime. O bandido brasileiro até pouco tempo tinha regras de conduta e comportamento, que foram deixadas de lado. Para conseguir dinheiro, seqüestra também mulheres, crianças e idosos. A afirmação é de James Wygand, de 57 anos, no Brasil desde 1965 e chefe do escritório para o Cone Sul da Control Risks, consultoria inglesa que avalia os riscos de violência para executivos em várias cidades do mundo. A Control tem mais de 4 mil clientes em 130 países e, segundo Wygand, nos últimos dois anos a situação da segurança em São Paulo subiu de 4 para 5 numa escala de nota que vai de 1 (para cidades mais seguras) a 7 (para as mais violentas). A nota 5 é atribuída a cidades onde o crime é uma ameaça constante e têm determinados bairros que devem ser evitados pelos executivos e pela população, principalmente à noite. O seqüestro em São Paulo tem aumentado. São autores deste crime os ladrões que migraram dos roubos a bancos, caixas eletrônicos e seqüestros-relâmpagos. Os bancos adotaram medidas preventivas e com o pouco dinheiro deixado nos caixas os criminosos migraram para o seqüestro. "O que vem acontecendo não é baseado no estudo da vítima. É a oportunidade que o bandido encontra", explicou Wygand. Os seqüestros de São Paulo são diferentes daquele do publicitário Washington Olivetto, que teve planejamento, ou os da Colômbia, que são políticos. "Hoje basta uma pessoa ser vista dentro de um Audi quatro portas ou um Mercedes-Benz e o bandido já pensa em seqüestrá-la." Para o consultor em segurança, em dezenas de casos os assaltos viram seqüestros. Os ladrões percebem que a vítima pode render e ficam com ela por diversos dias até conseguirem o dinheiro do resgate. "No Brasil, na cabeça do bandido, quem tem um carro de R$ 50 mil pode pagar um resgate." Crianças O seqüestro de crianças é uma novidade no País, principalmente nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. Neste ano, 12 crianças já foram seqüestradas na capital paulista, seis delas a caminho da escola. Em dois casos, os criminosos levaram para os cativeiros três irmãos e duas irmãs, e a polícia continua sem pistas dos seqüestradores. Para Wygand, o bandido brasileiro não costumava seqüestrar idosos, mulheres e crianças. Hoje, não se importa com o impacto emocional das vítimas e não está preocupado com o desespero das famílias e dos seqüestrados no cativeiro. "Isso me preocupa muito. Os bandidos tornaram-se perversos, insensíveis, e para enfrentá-los a polícia precisa ter recursos e um setor eficiente de inteligência. Não pode depender do conhecimento exclusivo de um policial sobre determinado criminoso."

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