SÃO PAULO - Theodomiro Romeiro dos Santos, de 63 anos, foi o primeiro brasileiro condenado à pena de morte no período republicano, por ter executado um agente do DOI-CODI que o havia capturado durante a ditadura militar (1964-1985).
Santos era membro do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e foi preso junto a um colega, Paulo Pontes, em Salvador, em outubro de 1970. Eles foram algemados um ao outro. Ao entrar na viatura, Santos sacou o revólver que estava em sua pasta e atirou em três vezes, matando um Argento da Aeronáutica. A pena de morte,, em 1971, virou prisão perpétua. Em 1979, fugiu do Brasil e se exilou na França até 1985, quando retornou.
Ele falou com o Estado sobre a morte de Rodrigo Gularte, segundo brasileiro fuzilado na Indonésia, pelo crime de tráfico de drogas.
Como o senhor vê a pena de morte institucionalizada?
É um retrocesso. Não pelo meu caso, mas sou um defensor da vida. Vejo com tristeza que alguém apoie a pena de morte. Estão procurando resolver problemas de uma forma absolutamente inaceitável e ineficiente. A medida não resolve problema nenhum.
Mesmo no Brasil, há quem comemore a decisão do governo indonésio. Como o sr. vê este posicionamento?
É uma involução muito grande no comportamento das pessoas. Em alguns casos elas não só são favoráveis, mas têm este tipo de pensamento reacionário e medieval, sendo até favoráveis à tortura. Querem que presos fiquem trancafiados e passando todo o tipo de sofrimento dentro da prisão.
O senhor se arrependeu de suas ações?
Nunca. Vivíamos em uma ditadura violentíssima, cruel e sanguinária. Era a obrigação das pessoas de bem. Lamento que uma parte da população brasileira esteja tendo posições tão extremadas em relação à pena de morte.