Brasileiro não consegue se inscrever no Mais Médicos, diz entidade

Conselho de Medicina acusou o governo de dificultar deliberadamente a inscrição dos brasileiros no programa

PUBLICIDADE

Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

BRASÍLIA - O Conselho Federal de Medicina (CFM) acusou nesta quinta-feira, 1º, o Ministério da Saúde de dificultar deliberadamente a inscrição de brasileiros no programa Mais Médicos. O órgão pediu a intervenção do Ministério Público e uma investigação da Polícia Federal, além da reabertura das inscrições para os brasileiros.

 

PUBLICIDADE

Roberto d’Ávila, presidente do órgão, afirma que os vários problemas encontrados por médicos que tentavam se inscrever no Brasil não aconteciam quando o acesso ocorria com um IP (registro do computador) do exterior.

 

"Temos informações de que quem acessou por um IP do exterior não teve nenhuma dificuldade. Não é possível que mais de 8 mil médicos brasileiros que tentaram se inscrever não tenham conseguido por um problema na internet. Isso nos faz desconfiar de uma ação proposital para não inscrever médicos brasileiros", acusou.

 

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse lamentar a acusação, que chamou de "uma crítica absolutamente inconsistente e vazia". "Dos CRMs (registro profissional do médico no Conselho Regional de Medicina de seu Estado) inválidos, 90% não foram uma confusão de números: estavam preenchidos com 000 traço traço traço", respondeu o ministro. "E, mesmo assim, o Ministério da Saúde deu mais um prazo para que o médico possa corrigir (o número inválido) até o dia 28, à meia-noite."

 

O programa fechou a primeira fase de pré-inscrições na sexta-feira, com 18 mil interessados. Desse total, porém, 45% eram de CRMs inválidos. Apesar de Padilha não confirmar oficialmente, no governo a visão é de que houve um boicote. Desconsiderando os CRMs inválidos, 4,6 mil médicos tiveram as inscrições efetivadas - 900 deles estrangeiros.

 

O CFM nega a acusação. Afirma que recebeu telefonemas de dezenas de médicos que queriam se inscrever, mas não conseguiram por problemas no sistema. Segundo D’Ávila, o ministério usou um banco de dados desatualizado para conferir os CRMs e, nos últimos dias de inscrição, o sistema não aguentou o tráfego de dados, pois os médicos tiveram menos de 24 horas para entregar a documentação.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.